Do meio das três centenas de pequenos escólios que compõem a obra em
referência, de autoria do padre jesuíta espanhol, seleciono a que diz respeito
ao modo como as pessoas costumeiramente se informam, ou seja, mediante os ouvidos
– designadamente, “a porta dos fundos da verdade e a porta da frente da mentira”.
Exacerbem-se os efeitos pelo poder de multiplicação da manipulação,
por parte da grande mídia, e se terá um resultado desastroso para a verdade dos
fatos, lançada confrangida ao domínio da mais genuína sandice, sandice essa
que, com o des-governo ora instalado no poder federal, parece ter virado a
regra!
J.A.R. – H.C.
Baltasar Gracián
(1601-1658)
(Retrato de Autoria
Desconhecida)
80. Atenção ao se informar. Passamos boa parte da
vida colhendo informações. Vemos muito pouco por nós mesmos, e vivemos
confiando nos outros. Os ouvidos são a porta dos fundos da verdade e a porta da
frente da mentira. É mais frequente ver do que ouvir a verdade. Ela raramente
nos chega pura, muito menos quando vem de longe. Tem as cores da paixão por que
passou, ora agradável, ora detestável. Tenta sempre nos impressionar, de uma
forma ou de outra. Tome mais cuidado com quem elogia do que com quem critica.
Descubra qual o interesse pessoal, de que lado coxeia, para onde vai. Acautele-se
quanto aos falsos e os defeituosos. (GRACIÁN, 1992, p. 44)
Peixe Dourado
(Siddharth S.
Shingade: artista indiano)
Referência:
GRACIÁN, Baltasar. A arte da sabedoria mundana: um oráculo de bolso. Tradução do
inglês por Ieda Moriya. São Paulo, SP: Best Seller & Círculo do Livro, 1992.
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