O poeta emprega linguagem figurada para um evento que o importuna, tanto
quanto a sua companheira: um inverno que se apresenta em tormentas, prontas a
cair sobre suas cabeças, antes que sobrevenham os clarins da primavera, com o
ressurgir de pássaros sobre as árvores a reverdecer.
O sinal de melhora é o marco até o ponto em que há de se dar a ação
preventiva do casal, presumo: talvez o sujeito lírico apenas esteja
vislumbrando brumas sobre o seu relacionamento afetivo, a saber, incursões
externas de terceiros, capazes de abalar o bom convívio com sua companheira!?
J.A.R. – H.C.
William Stafford
(1914-1993)
Near
Talking along in this
not quite prose way
we all know it is not
quite prose we speak,
and it is time to
notice this intolerable snow
innumerably touching,
before we sink.
It is time to notice,
I say, the freezing snow
hesitating toward us
from others’ grey heaven;
listen – it is
falling not quite silently
and under it still
you and I are walking.
Maybe there are
trumpets in the houses we pass
and a redbird
watching from an evergreen –
but nothing will
happen until we pause
to flame what we
know, before any signal’s given.
Do outono ao inverno
(Hazel Thomson: pintora inglesa)
Por Pouco
Conversando ao longo
deste percurso não muito prosa,
todos sabemos que não
é bastante prosa o que falamos,
e é hora de notar
esta intolerável neve
a infindavelmente nos
fustigar, antes de afundarmos.
É hora de notar, digo
eu, a neve gelada
pairando perto de
nós, vinda do céu cinzento dos outros;
escute – está caindo
não muito silenciosamente
e, sob ela, você e eu
ainda estamos caminhando.
Talvez haja trombetas
nas casas pelas quais passamos
e o cardeal a
observar desde uma sempre-viva –
mas nada sucederá até
que nos detenhamos para
reforçar o que
sabemos, antes que sobrevenha qualquer sinal.
Referência:
STAFFORD, William. In: HALL, Donald
(Ed.). Contemporary american poetry.
Revised and enlarged edition. Selected and introduced by Donald Hall. 2nd. ed.
Kingsport, TN: Penguin Books, 1974. p. 41.
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