Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Almeida Garrett - Este inferno de amar

Garrett afirma que o amor é um inferno, mas que somente ao cair nos braços da amada é que começou a, de fato, viver. E veja-se lá que as primeiras imagens evocadas pelo poeta eram mera chama que se consumia, mas que, pela profusão de tanto calor, no correr do tempo, tornou-se um cadinho onde Satã veio espicaçar a febre do desejo!

Antes disso, ele dormira pelos efeitos de Morfeu, sentindo uma serena paz e, ao acordar, deu com olhos nela – a musa por quem se encantou –, não nomeada, mas que se pressente envolta em labaredas, as quais, por fim, levaram de roldão o escritor de temperamento tão irrequieto e apaixonado!

J.A.R. – H.C.

Almeida Garrett
(1799-1854)

Este inferno de amar

Este inferno de amar – como eu amo! –
Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... – foi um sonho –
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? – Não o sei;
Mas nessa hora a viver comecei...

Primavera
(Pierre-Auguste Cot: pintor francês)

Referência:

GARRETT, Almeida. Este inferno de amar. In: __________. Folhas caídas. Lisboa, PT: Portugália, 1969. p. 37-38.

Um comentário:

  1. AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS, AMAR NOSSA FAMILÍA, NOSSA IGREJA, AMAR NOSSOS AMIGOS E TAMBÉM NOSSOS INIMIGOS. O AMOR SEJA NÃO FINGIDO. SÓ O AMOR CONSTROI.

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