Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

E. E. Cummings - amar é mais denso que esquecer

Se o amor está entre o esquecimento e a lembrança, na relação causal engendrada por Cummings, a lembrança tem mais densidade ou espessura que o esquecimento. E depois, com assertivas tão antitéticas, descreve-se um sentimento que é, mas que também não é, ou seja, o amor, por suas tantas formas, configura-se um tema conflitante.

Basta ver a quantidade de poetas que, em seus versos, procurou defini-lo: e haja metáforas, elucubrações platônicas em “O Banquete”, contorcionismos nos sonetos de Camões, luxúria em Aretino, até que cheguemos a mais sublime das descrições jamais formuladas sobre o amor, nomeadamente, a do Capítulo 13 da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios.

J.A.R. – H.C.

E. E. Cummings
(1894-1962)

love is more thicker than forget

love is more thicker than forget
more thinner than recall
more seldom than a wave is wet
more frequent than to fail

it is most mad and moonly
and less it shall unbe
than all the sea which only
is deeper than the sea

love is less always than to win
less never than alive
less bigger than the least begin
less littler than forgive

it is most sane and sunly
and more it cannot die
than all the sky which only
is higher than the sky

Autoabandono
(Mher Evoyan: pintora armênia)

amar é mais denso que esquecer

amar é mais denso que esquecer
mais tênue que lembrar
mais raro que fluida a onda pode ser
mais frequente que falhar

é mais louco e mais lunar
e menos não deve ser
que todo o mar que só
é mais fundo que o mar

amar é menos que ganhar
e nunca menos que viver
nem imenso que o menor começo
demais pequeno que perdoar

é mais sensato e intenso
e mais não morre ou finda
do que todo o céu que ainda
é mais alto que o céu imenso

Referência:

CUMMINGS, E. E. love is more thicker than forget / amar é mais denso que esquecer. Tradução de Vanderley Mendonça. In: MENDONÇA, Vanderley (Ed.). Lira argenta: poesia em tradução. Edição bilíngue. São Paulo, SP: Selo Demônio Negro, 2017. Em inglês: p. 374; em português: p. 375.

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