Se a possibilidade de nova poesia for a que propõe Bly, pressinto que
ficarei aquém de seu presumível potencial, porque há tantas coisas lançadas
como um turbilhão nos versos do poema, que não saberia dizer ao certo qual o
melhor sentido que se lhes poderia atribuir.
Há uma lufada sobre o passado dos homens nativos da América e outra
dirigida ao momento de eclosão da sociedade industrial naquelas paragens, com
os consectários efeitos da marginalidade. E o poeta sonha em passar a outro
mundo, onde as florestas já se foram e os postos de combustíveis da Shell
apenas são evocados por uma luz mortiça.
J.A.R. – H.C.
Robert Bly
(n. 1926)
The Possibility of New Poetry
Singing of Niagara,
and the Huron squaws,
The chaise-longue,
the periwinkles in a rage like snow,
Dillinger like a dark
wind.
Intelligence, cover
the advertising men with clear water,
And the factories
with merciless space,
So that the
strong-haunched woman
By the blazing stove
of the sun, the moon,
May come home to me,
sitting on the naked wood
In another world, and
all the Shell stations
Folded in a faint
light.
Cataratas do Niágara
(Ylli Haruni: pintor
albanês)
A Possibilidade de Nova Poesia
O canto do Niágara e
as ameríndias Huron,
Um canapé, os caramujos
em fúria como a neve,
Dillinger qual vento
escuro.
Inteligência, cubra os
publicitários com água limpa,
E as fábricas com
implacável espaço,
Para que a mulher
forte e arqueada
ante a ardente estufa
do sol, ante a lua,
Venha a ter comigo em
casa, assente num despido bosque
De outro mundo, com
todas as estações da Shell
Envoltas numa tênue
luz.
Referência:
BLY, Robert. The possibility of new poetry.
In: HALL, Donald (Ed.). Contemporary
american poetry. Revised and enlarged edition. Selected and introduced by
Donald Hall. 2nd. ed. Kingsport, TN: Penguin Books, 1974. p. 144.
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