Wilde formula um poema-dedicatória de seu livro de “Poemas” à sua amada,
metaforizando cada poema em uma pétala caída sobre as páginas, soprada pelo
amor até que pouse nos cabelos da esposa. Ao sobrevir o inverno sombrio, o
vento frio arrasará qualquer vestígio de todos os amores sobre a terra, mas as
pétalas em questão serão capazes de evocar o jardim em flor.
O escritor-poeta, com pródiga habilidade mental, transmuta o ordinário e
o mundano no alegórico e no sublime: a primavera e o verão são o tempo em que
as flores se manifestam, mas no outono e no inverno apenas suas pétalas
remanescem na cabeça da esposa – e Wilde espera que ela faça alguns de seus
poemas penetrarem-lhe a mente.
J.A.R. – H.C.
Oscar Wilde
(1854-1900)
To my Wife
With a copy of my “Poems”
I can write no
stately proem
As a prelude to my
lay ;
From a poet to a poem
I would dare to say.
For if o f these
fallen petals
One to you seem fair,
Love will waft it
till it settles
On your hair.
And when wind and
winter harden
All the loveless
land,
It will whisper of
the garden,
You will understand.
Sra. Carriça com Cizirão e Ninho
(Jeanne Illenye:
artista norte-americana)
À Minha Mulher
Com um exemplar de
meus “Poemas”
Escrever não posso um
proêmio imponente
Como um prelúdio ao
meu cantar;
“De um poeta a um
poema”
Só a dizer me
atreveria.
Pois se dessas pétalas
caídas
Alguma te parecer
bela,
O amor a soprará até
que pouse
Nos teus cabelos.
E quando o vento e o
inverno devastarem
A terra toda sem
amor,
Ela há de falar, do
jardim, em surdina,
E tu compreenderás.
Referências:
Em Inglês
WILDE, Oscar. To my wife. In:
__________. Poems: with the ballad
of reading gaol. 21st. ed. London, EN: Methuen & Co Ltd., 1951. p. 137.
Em Português
WILDE, Oscar. À minha mulher. Tradução
de Oscar Mendes. In: __________. Obra completa:
volume único. 1. ed.; 7. reimp. Rio de Janeiro, RJ: Nova Aguilar, 2007. p.
947-948. (“Biblioteca de Autores Universais”)
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