Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 18 de agosto de 2019

Aidenor Aires - Alquimia

É a alquimia da criação poética a que se reporta o vate goiano: ele vai até os dicionários para de lá desenterrar vocábulos esquecidos, fazendo irromper a sua “floração semântica”, e, da junção das palavras, o sentido da poesia, como num jardim a embelezar a frieza dos dias tumulares.

O vate é o cavaleiro que segura pela crina os verbos rebeldes, os dispersos adjetivos que vogam pela neblina da ilusão, a enlaçar revoltos ideais a “nomes sonâmbulos”: a imagem que se forma na mente, com tais lampejos, não nos leva a associar o poeta ao “cavaleiro da triste figura”?!

J.A.R. – H.C.

Aidenor Aires
(n. 1946)

Alquimia

Tomo pelas crinas
estes verbos rebeldes,
recolho os ilusórios
adjetivos soltos
e, aos poucos, ato
a sonâmbulos nomes
ideais revoltos.

Acordo extintos enunciados
de seus túmulos de língua
onde jaziam
à míngua
sepultados.
Finda tal mecânica,
renova a alquimia
a floração semântica,
e do magma do sintagma
flui a poesia.

Ondas Selvagens
(Jim Warren: ilustrador norte-americano)

Referência:

AIRES, Aidenor. Alquimia. In: __________. Lavra de insolúvel. 1. ed. Goiânia, GO: Oriente, 1974. p. 9.

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