Não há esquema de rimas terminais neste poema de Williams, muito embora o seu conteúdo represente uma metáfora sobre o estado de certo cansaço do poeta em seguir os padrões estruturais da lírica dita tradicional: os sonhos são mantidos íntegros na mente com o avançar da idade, e se tenta reavivá-los com o recurso às rimas.
É como se Williams estivesse a replicar aqueles famosos versos de Cecília Meireles (ou seria o contrário?!), no poema “Marcha”: “Soltam-se os meus dedos tristes, / dos sonhos claros que invento. / Nem aquilo que imagino já me dá contentamento”. Há momentos em que o encanto se esgarça e o fim de um propósito faz algo no espírito fenecer...
J.A.R. – H.C.
When structure fails
rhyme attempts to come to the rescue
The old horse dies slow.
By gradual degrees
the fervor of his veins
matches the leaves’
stretch, day by day. But
the pace that his
mind keeps is the pace
of his dreams. He
does what he can, with
unabated phlegm,
ahem! but the pace that
his flesh keeps –
leaning, leaning upon
the bars – beggars
by far all pace and every
Quando a estrutura falha,
a rima tenta vir em socorro
O cavalo velho morre devagar.
Gradativamente
o fervor de suas veias
compara-se ao estiramento
das folhas, dia a dia. Mas
o passo que sua
mente mantém, é o passo
dos seus sonhos. Ele
faz o que pode, com
inabalável fleugma,
olá! mas o passo que
sua carne mantém –
inclinada, inclinada sobre
barras – mendiga
praticamente todo o passo e todos
Nenhum comentário:
Postar um comentário