Lowell, empregando o seu distinto estilo confessional, fala-nos de uma esposa – quem
sabe não seria a sua companheira?... – aparentemente grávida, a queixar-se da
irresponsabilidade do marido, que sai à busca de prostitutas, pondo-a em perigo
de vida e, em seguida, bem poderia cogitar em assumir votos de nunca mais tocar
em álcool.
O soneto retrata uma situação, decerto, bastante comum no matrimônio: os
maridos são, ordinariamente, incapazes de manter-se em abstinência sexual durante a
gestação da esposa, e, nesse intercurso, acabam por envolver-se em
relacionamentos escusos. O que se há se fazer? Vejam, abaixo, a solução que a
grávida do soneto adota...
J.A.R. – H.C.
Robert Lowell
(1917-1977)
To Speak of Woe that Is in Marriage
It is the future generation that
presses into being by
means of these exuberant feelings and
supersensible
soap bubbles of ours.
Schopenhauer
The hot night makes
us keep our bedroom windows open.
Our magnolia
blossoms. Life begins to happen.
My hopped up husband
drops his home disputes,
and hits the streets
to cruise for prostitutes,
free-lancing out
along the razor’s edge.
This screwball might
kill his wife, then take the pledge.
Oh the monotonous
meanness of his lust…
It’s the injustice…
he is so unjust –
whiskey-blind,
swaggering home at five.
My only thought is
how to keep alive.
What makes him tick?
Each night now I tie
ten dollars and his
car key to my thigh…
Gored by the
climacteric of his want,
he stalls above me
like an elephant.
O velho bêbado
(Vladimir Y. Makovsky:
pintor russo)
Para Falar no Infortúnio que Há no
Matrimônio
É a geração futura que se manifesta no
ser por meio
desses nossos exuberantes sentimentos e
supersensíveis
bolhas de sabão.
Schopenhauer
A noite quente nos
faz manter abertas as janelas do quarto.
Nossa magnólia
floresce. A vida inicia o seu curso.
Meu excitado esposo
renunciou às suas disputas caseiras,
e saiu às ruas em
busca de prostitutas,
expondo-se livremente
ao fio da navalha.
Esse insano poderia
matar a sua mulher e, em seguida,
assumir votos de
nunca mais embebedar-se.
Oh! a monótona
baixeza de sua luxúria...
É a injustiça... ele
é tão injusto –
exânime pelo uísque,
ao voltar para casa às cinco.
Meu único pensamento
é como manter-me viva.
O que o move? Todas
as noites amarro à minha coxa
dez dólares e a chave
de seu automóvel...
Contrafeito pelo
climatério de seu desejo,
ele rola em cima de
mim como um elefante.
Referência:
LOWELL, Roberto. To speak of woe that is
in marriage. In: DOVE, Rita (Ed.). The
penguin anthology of twentieth century american poetry. New York, NY:
Penguin Books, 2013. p. 188.
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