Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 6 de julho de 2019

Robert Lowell - Para Falar no Infortúnio que Há no Matrimônio

Lowell, empregando o seu distinto estilo confessional, fala-nos de uma esposa – quem sabe não seria a sua companheira?... – aparentemente grávida, a queixar-se da irresponsabilidade do marido, que sai à busca de prostitutas, pondo-a em perigo de vida e, em seguida, bem poderia cogitar em assumir votos de nunca mais tocar em álcool.

O soneto retrata uma situação, decerto, bastante comum no matrimônio: os maridos são, ordinariamente, incapazes de manter-se em abstinência sexual durante a gestação da esposa, e, nesse intercurso, acabam por envolver-se em relacionamentos escusos. O que se há se fazer? Vejam, abaixo, a solução que a grávida do soneto adota...

J.A.R. – H.C.

Robert Lowell
(1917-1977)

To Speak of Woe that Is in Marriage

It is the future generation that presses into being by
means of these exuberant feelings and supersensible
soap bubbles of ours.
Schopenhauer

The hot night makes us keep our bedroom windows open.
Our magnolia blossoms. Life begins to happen.
My hopped up husband drops his home disputes,
and hits the streets to cruise for prostitutes,
free-lancing out along the razor’s edge.
This screwball might kill his wife, then take the pledge.
Oh the monotonous meanness of his lust…
It’s the injustice… he is so unjust
whiskey-blind, swaggering home at five.
My only thought is how to keep alive.
What makes him tick? Each night now I tie
ten dollars and his car key to my thigh…
Gored by the climacteric of his want,
he stalls above me like an elephant.

O velho bêbado
(Vladimir Y. Makovsky: pintor russo)

Para Falar no Infortúnio que Há no Matrimônio

É a geração futura que se manifesta no ser por meio
desses nossos exuberantes sentimentos e supersensíveis
bolhas de sabão.
Schopenhauer

A noite quente nos faz manter abertas as janelas do quarto.
Nossa magnólia floresce. A vida inicia o seu curso.
Meu excitado esposo renunciou às suas disputas caseiras,
e saiu às ruas em busca de prostitutas,
expondo-se livremente ao fio da navalha.
Esse insano poderia matar a sua mulher e, em seguida,
assumir votos de nunca mais embebedar-se.
Oh! a monótona baixeza de sua luxúria...
É a injustiça... ele é tão injusto –
exânime pelo uísque, ao voltar para casa às cinco.
Meu único pensamento é como manter-me viva.
O que o move? Todas as noites amarro à minha coxa
dez dólares e a chave de seu automóvel...
Contrafeito pelo climatério de seu desejo,
ele rola em cima de mim como um elefante.

Referência:

LOWELL, Roberto. To speak of woe that is in marriage. In: DOVE, Rita (Ed.). The penguin anthology of twentieth century american poetry. New York, NY: Penguin Books, 2013. p. 188.

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