Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 16 de julho de 2019

Magalhães de Azeredo - Camões

Num soneto – qual outra forma poética poderia ser mais apropriada para se tecer encômios ao maior dos vates lusos?! –, o poeta carioca relembra os inúmeros contratempos amorosos de Camões, sempre a lastimar afeições que não se concretizaram por inteiro, como no relacionamento cheio de percalços entre Eurídice e Orfeu.

E tudo tendo enfrentado – teria sido uma alma “escolhida” para tanto! –, Camões imortalizou em “Os Lusíadas” as aventuras por que passou o povo português – e ele próprio –, suas conquistas e desditas, motivo por que não há quem ouse contestar a identificação de seu nome à própria história da nação lusitana.

J.A.R. – H.C.

Magalhães de Azeredo
(1872-1963)

Camões

Como Orfeu, desce, impávido, aos infernos
A libertar da região sombria
A idolatrada Eurídice, que um dia
Para sempre o algemou com braços ternos;

Assim tu, na conquista dos supernos
Dons da imortal Eurídice, a Poesia,
Com pé firme em abismos de agonia
Entraste, a modular cantos eternos!

Teu gênio foi, ó Poeta, a própria vida:
Amor, ciúme, exílio, fome, peste,
Guerra – tudo afrontaste, alma escolhida!

Inteira a vida do homem concebeste;
E, não contente, em ânsia desmedida,
Toda a vida de um povo ainda viveste!

Luís Vaz de Camões
(1524-1580)

Referência:

AZEREDO, Magalhães de. Camões. In: __________. Procellarias. Porto, PT: Typographia a vapor da Empreza Litteraria e Typographica, 1898. p. 33.

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