Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Lucian Blaga - Autorretrato

Muito antes que chegasse ao ponto do “canto do cisne”, o poeta se diz mudo e em busca contínua e secular, neste esboço lírico: procura ele pela água que compõe o belo efeito do arco-íris, tangível como tudo mais, embora pareça não ter substância – assim como o não-ser a que se reporta o vate romeno.

Em sua irredutível e absoluta pátria imaginária, o imaculado dos espíritos, explico-me melhor, dos seres humanos, tomou o lugar do verbo, ou seja, da palavra, permitindo-lhe superar os limites do conhecimento, de sorte que essa paisagem mítica suscitou um fértil mundo de imagens inovadoras, presente em suas criações poéticas.

J.A.R. – H.C.

Lucian Blaga
(1895-1961)

Autoportret

Lucian Blaga e mut ca o lebădă.
În patria sa
zăpada făpturii ține loc de cuvânt.
Sufletul lui e în căutare,
în mută, seculară căutare,
de totdeauna,
și până la cele din urmă hotare.

El caută apa din care bea curcubeul.
El caută apa
din care curcubeul
își bea frumusețea și neființa.

(1943)

Paisagem com um arco-íris
(Peter Paul Rubens: pintor flamengo)

Autorretrato

Lucian Blaga está mudo como um cisne.
Em sua pátria
a neve dos seres tomou o lugar do Verbo.
Seu espírito reside em buscar,
em muda busca secular,
desde sempre,
e até ao último lugar.

Ele busca a água de que bebe o arco-íris.
Ele busca a água,
de que o arco-íris
bebe sua beleza e seu não-ser.

(1943)

Referência:

BLAGA, Lucian. Autoportret / Autorretrato. Tradução de Caetano Waldrigues Galindo. In: __________. A grande travessia. Seleção, tradução e introdução de Caetano Waldrigues Galindo. Brasília, DF: Editora da UnB, 2005. Em romeno: p. 30; em português: p. 31. (Coleção ‘Poetas do Mundo’)

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