Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 25 de maio de 2019

Eavan Boland - O Emigrante Irlandês

A autora deste poema presta homenagem aos seus ascendentes, de origem irlandesa, emigrantes a terras distantes, em especial a Inglaterra e, sobretudo, os Estados Unidos: relembra ela a época dura por que passaram, provavelmente em terras americanas, durante a grande depressão econômica de fins dos anos 20.

O uso de lampiões a óleo, preferencialmente na parte de trás das residências, serve de mote para relembrar a luz transmitida pelos antepassados, que expostos a situações de trabalho precárias ou mesmo ao desemprego, lograram transmitir às gerações subsequentes, mais do que suas posses, a força de vontade e a sobriedade necessárias para superar momentos difíceis na vida.

J.A.R. – H.C.

Eavan Boland
(n. 1944)

The Emigrant Irish

Like oil lamps, we put them out the back –

of our houses, of our minds. We had lights
better than, newer than and then

a time came, this time and now
we need them. Their dread, makeshift example:

they would have thrived on our necessities.
What they survived we could not even live.
By their lights now it is time to
imagine how they stood there, what they stood with,
that their possessions may become our power:

Cardboard. Iron. Their hardships parceled in them.
Patience. Fortitude. Long-suffering
in the bruise-colored (*) dusk of the New World.

And all the old songs. And nothing to lose.

Os Emigrantes
(Hans Baluschek: pintor alemão)

O Emigrante Irlandês

Como lamparinas a óleo, nós as colocamos na parte de trás –

de nossas casas, de nossas mentes. Tínhamos luzes
melhores e mais novas, e então

chegou um momento, este momento, e agora
precisamos delas. Seu terrível, improvisado exemplo:

eles teriam prosperado perante nossas necessidades.
Como sobreviveram, sequer poderíamos viver.
Com foco em suas luzes, agora é o momento para
imaginar como se sustentaram ali, com o que se sustentaram,
para que suas posses pudessem converter-se em nosso poder:

Papelão. Ferro. Suas privações nelas parceladas.
Paciência. Fortaleza. Sofrimentos prolongados
no crepúsculo azul-violáceo do Novo Mundo.

E todas as velhas canções. E nada a perder.

Nota:

(*). A expressão “bruise-colored” denota semelhança do tom do crepúsculo a qualquer uma das cores de uma pele machucada, em especial o lilás e o azul; daí a preferência por torná-lo expresso, e não optando por uma tradução mais aproximada do literal, que, talvez, deixaria o verso meio – como diria? – truncado.

Referência:

BOLAND, Eavan. The emigrant irish. In: PINSKY, Robert; DIETZ, Maggie (Eds.). American’s favorite poems: the favorite poem project anthology. New York, NY: W. W. Norton, 2000. p. 27.

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