Sandburg pretende nos mostrar que o inferno, sob o nosso ponto de vista,
é uma criação própria de nossas cabeças, não se parecendo com o inferno
concebido por terceiros, que responde às visões que, por sua vez, lhes são singulares.
É claro que pode haver certa margem de interseção entre as várias concepções de
inferno, mas isso não está explicitamente expresso no poema do norte-americano.
Ademais, há certa convergência da tese em apreço com a máxima sartreana
de que “o inferno são os outros”, uma simples questão de alteridade infernal.
Desse modo, se há miríades de concepções de inferno, tudo muito passando pela
subjetividade, poder-se-ia levar o assunto a debate no “Pandæmonium” de Milton,
para lá se chegar a um consenso habermasiano do que seria o tipo-ideal
weberiano do inferno! (rs)
J.A.R. – H.C.
Carl Sandburg
(1878-1967)
Our Hells
Milton unlocked hell
for us
and let us have a
look
Dante did the same
Each of these hells
is special
One is Milton’s, one
Dante’s
Milton put in all
that for him
was hell on earth
Dante put in all that
for him
was hell on earth
If you unlock your
hell for me
And I unlock my hell
for you
They will be two
special hells
Each of us showing
what for us
is hell on earth
Yours is one hell,
mine another
Pandæmonium: a capital do inferno
(John Martin: pintor
inglês)
Nossos Infernos
Milton revelou-nos o inferno,
permitindo que déssemos uma olhada.
Dante fez o mesmo.
Cada um desses infernos é singular:
um é o de Milton e o outro é o de Dante.
Milton exprimiu tudo o que para ele
era o inferno sobre a
terra.
Dante exprimiu tudo o que para ele
era o inferno sobre a
terra.
Se você me revela o seu inferno
e eu lhe revelo o meu inferno,
serão eles dois infernos singulares.
Cada um de nós a mostrar o que
nos parece ser o
inferno sobre a terra.
Um inferno é o seu, outro é o meu.
Referência:
SANDBURG. Carl. Our hells. In:
__________. Complete poems. New
section: Sky talk. New York, NY: Harcourt, Brace and Company, 1950. p. 662-663.
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