Estamos em setembro,
um mês que já avança rumo ao outono, quando então o poeta percebe que a vinha
amadurece, sem que o seu coração se acalme e se resigne ante a distância da
amada, a ela se mantendo, de todo modo, fiel, mesmo que transcorridos mais de
cinco meses de ausência.
Um contraponto: se o
mês nos faz lembrar o “11 de setembro”, por outro lado, marca o nascimento de
grandes nomes da História, como Cervantes (29.9.1547), Caravaggio (29.9.1571),
Luís XIV – o “Rei Sol” (5.9.1638), Leon Tolstói (9.9.1828) e muitos outros. Ou
seja: uma conjunção para fazer a diferença!
J.A.R. – H.C.
François Coppée
(1842-1908)
Septembre
Après ces cinq longs
mois que j’ai passés loin d’elle,
J’interroge mon cœur;
il est resté fidèle.
En Mai, dans la
jeunesse exquise du printemps,
J’ai souffert en
songeant à ses beaux dix-sept ans.
Quand la nature, en
Juin, de roses était pleine,
J’ai souffert en
songeant à sa suave haleine.
En Juillet, quand la
nuit peuplait d’astres les cieux,
J’ai souffert en
songeant à l’éclat de ses yeux.
Août a flambé,
Septembre enfin mûrit la vigne,
Sans que mon triste
cœur s’apaise et se résigne.
Toujours son souvenir
a le même pouvoir,
Et je n’ai qu’à fermer les yeux pour la revoir.
Setembro
(Theodore C. Steele: pintor norte-americano)
Setembro
Cinco meses passei do
meu amor distante;
Sondo o meu coração e
acho-o sempre constante.
Na mocidade, em maio,
eu, no vernal frescor.
Muito sofri pensando
em seus anos em flor.
Foram, em junho, o
prado as rosas perfumando,
E eu em seu respirar
muito sofri pensando.
Quando as noites em
julho eram lagos de luz,
Muito sofri pensando
em seus olhos azuis.
Foi-se agosto; e
setembro os pomares loireja
Sem que o meu coração
calmo e tranquilo seja.
Sua lembrança tem
sempre o mesmo poder
Basta os olhos fechar
para a tornar a ver.
(17 de maio de 1881)
Referência:
COPPÉE, François.
Septembre / Setembro. Tradução de Raimundo Correia e Valentim Magalhães. In: __________. Poesias
completas de Raimundo Correia. Vol. II. Organização, prefácio e notas de
Múcio Leão. São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional, 1948. Em francês: p.
453-454; em português: p. 379.
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