Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Antonio Cisneros - Três Mortos: García Lorca

Como o poema já aqui postado de Vinicius de Moraes (“A Morte de Madrugada”), este, do grande poeta peruano, também faz referência ao assassinato do poeta espanhol Federico García Lorca pela milícia franquista, crime ocorrido em Granada – razão do verso replicado, subtraído ao famoso poema de Antonio Machado.

O subtítulo, “Tres Muertos”, decorre do fato de que a seção da obra “Monólogo de la casta Susana y otros poemas”, de 1986, possui, além do poema ora postado, outros dois, dedicados, respectivamente, ao escritor alemão Heinrich Boll (i. m. 16/07/85), e ao italiano Ítalo Calvino (i. m. 19/09/85). (Nota: imagino que “i. m.” sejam as iniciais para “in memoriam”).

Quanto ao poema, propriamente dito, menciona ainda o caso do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, também poeta e invertido como Lorca, assassinado em 2 de novembro de 1975, em local próximo ao hidro-aeródromo de Óstia, localizado na jurisdição do município de Roma.

J.A.R. – H.C.


Antonio Cisneros
(1942-2012)

Tres Muertos

García Lorca (i. m. agosto 1936)

 

Tus gitanos siguen en las mismas,

tus limones son apenas

frutos de exportación.

Ni minero ni soldado,

lejos del frente de batalla

te mataron, poeta encantador

(al fin y al cabo).

El crimen fue en Granada

(lo sabemos). Más turbio

que la cueva del hurón,

más claro que un cuchillo.

Inevitable. Así el buen Pasolini

muerto por un rufián entre las sombras

del despreciable coliseo de Ostia

(y a más de cuarenta años

de tu guerra civil).


O Alhambra: Granada - Espanha
(Rachel Newman: pintora norte-americana)

Três Mortos

García Lorca (i. m. agosto 1936)

 

Teus ciganos seguem nas mesmas,

teus limões são apenas

frutos de exportação.

Nem mineiro nem soldado,

longe da frente de batalha

te mataram, poeta encantador

(ao fim e ao cabo).

O crime foi em Granada

(o sabemos). Mais turvo

que a cova do furão,

mais claro que uma faca.

Inevitável. Tal como o bom Pasolini

morto por um rufião entre as sombras

do desprezível coliseu de Óstia

(e a mais de quarenta anos

de tua guerra civil).


Referência:

CISNEROS, Antonio. Tres muertos: García Lorca (i. m. agosto 1936). In: __________. Postales para Lima: antología poética. Prólogo de Alonso Rabí do Carmo. Selección de Jorge Boccanera. Buenos Aires, AR: Ediciones Colihue, 1999. p. 125. (Colección “Musarisca”)

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