Como o poema já aqui postado de Vinicius de Moraes (“A Morte de Madrugada”), este, do grande poeta peruano, também faz referência ao assassinato do poeta espanhol Federico García Lorca pela milícia franquista, crime ocorrido em Granada – razão do verso replicado, subtraído ao famoso poema de Antonio Machado.
O subtítulo, “Tres Muertos”, decorre do fato de que a seção da obra “Monólogo de la casta Susana y otros poemas”, de 1986, possui, além do poema ora postado, outros dois, dedicados, respectivamente, ao escritor alemão Heinrich Boll (i. m. 16/07/85), e ao italiano Ítalo Calvino (i. m. 19/09/85). (Nota: imagino que “i. m.” sejam as iniciais para “in memoriam”).
Quanto ao poema, propriamente dito, menciona ainda o caso do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, também poeta e invertido como Lorca, assassinado em 2 de novembro de 1975, em local próximo ao hidro-aeródromo de Óstia, localizado na jurisdição do município de Roma.
J.A.R.
– H.C.
Tres Muertos
García Lorca (i. m. agosto 1936)
Tus gitanos siguen en las mismas,
tus limones son apenas
frutos de exportación.
Ni minero ni soldado,
lejos del frente de batalla
te mataron, poeta encantador
(al fin y al cabo).
El crimen fue en Granada
(lo sabemos). Más turbio
que la cueva del hurón,
más claro que un cuchillo.
Inevitable. Así el buen Pasolini
muerto por un rufián entre las sombras
del despreciable coliseo de Ostia
(y a más de cuarenta años
de tu guerra civil).
Três Mortos
García Lorca (i. m. agosto 1936)
Teus ciganos seguem nas mesmas,
teus limões são apenas
frutos de exportação.
Nem mineiro nem soldado,
longe da frente de batalha
te mataram, poeta encantador
(ao fim e ao cabo).
O crime foi em Granada
(o sabemos). Mais turvo
que a cova do furão,
mais claro que uma faca.
Inevitável. Tal como o bom Pasolini
morto por um rufião entre as sombras
do desprezível coliseu de Óstia
(e a mais de quarenta anos
de tua guerra civil).
Referência:
CISNEROS, Antonio. Tres muertos: García
Lorca (i. m. agosto 1936). In: __________. Postales para Lima: antología
poética. Prólogo de Alonso Rabí do Carmo. Selección de Jorge Boccanera. Buenos
Aires, AR: Ediciones Colihue, 1999. p. 125. (Colección “Musarisca”)
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