Quixote é um daqueles arquétipos indeléveis do humano, gerados pela
literatura. De fato, um anti-herói – ou um herói picaresco – que nos faz rir com
suas sandices, atitudes, ações e opções, no rompante por desmantelar os
malfeitos, acompanhado por Sancho Pança e Rocinante.
O que fazer, se a vida é esse interminável embate contra moinhos de
vento, e qualquer vitória, por mais retumbante que venha a ser, estará fadada
ao esquecimento daqui a poucos anos, quando, então, ninguém mais se lembrará
dos ideais que polarizavam o agir de cada de um de nós – lídimos Quixotes –, e
o amor que alimentávamos por nossas platônicas Dulcineias?!
J.A.R. – H.C.
Halina Poświatowska
(1935-1967)
Z Manczy
Wiatr zaplątany w skrzydła wiatraka kpi z patosu
Mijających niebem chwil. Don Kichot z podłużnych
Słonecznych cieni
oparł brodę na ręce ― patrzy tępo.
Wiatrak. Wiatrak.
Rosynant chudą szczęką zgarnia
Świerszcze i je bowiem mają
barwę i zapach trawy.
I podczas gdy Sancho Pansa
gwałci w krzakach dziewczynę
Która w tłustym
czerwonym ciele nosi bezradne
Obojczyki Dulcynei – Don Kichot walczy z olbrzymem.
I zwycięża. Wystające żebra
Rosynanta rozsadza zielona
Świergotliwa muzyka.
Hymn Bałwochwałczy (1958)
Dom Quixote
(Amadeo de
Souza-Cardoso: pintor português)
De La Mancha
O vento preso nas
asas do moinho ri do drama
Dos instantes que
passam no céu. Dom Quixote das longas
Sombras solares apoia
o queixo na mão com o olhar vazio.
Moinho. Moinho. Com
boca magra Rocinante colhe
Gafanhotos e os come,
pois eles têm a cor e o cheiro da grama.
E enquanto nos
arbustos Sancho Pança estupra uma menina
Que dentro do seu
corpo gordo e vermelho carrega as frágeis
Clavículas de
Dulcineia, Dom Quixote enfrenta o gigante.
E vence. Música
cintilante quebra as protuberantes
Costelas de Rocinante.
Hino Idolátrico (1958)
Referência:
POŚWIATOWSKA, Halina. Z Manczy /
De La Mancha. Tradução de Magdalena Nowinska. In: NOWINSKA, Magdalena. Jeszcze jedno wspomnienie / Mais uma lembrança. (n.t.) Revista
Literária em Tradução. Florianópolis, SC. Edição bilíngue semestral, ano 1, n. 1, set. 2010. Em polonês: p. 59; em português: p. 70.
Disponível neste endereço. Acesso em: 29 jul.
2018.
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