Aparentemente, Shapiro opõe-se ao tipo de poesia difundido por Eliot, Auden, Pound, entre outros – a veicular ideias, muito mais que sentimentos –, fazendo coro, desse modo, àqueles autores capazes de entornar em seus versos o mais puro espasmo da emoção, como Blake e Whitman, por exemplo.
Postula, então, uma poesia não permeada pela racionalidade, decerto aberta aos mistérios da mente humana, alheia à crítica, natural e espontânea como a própria expressão da vida, deixando àqueles que dela usufruem a tarefa de contemplar a beleza mesmo daquilo que remanesce no poema sem a intenção do poeta, porque, s.m.j., a criação poética também tem os seus enigmas e mistérios, capazes de fazê-la resistir a todo esclarecimento.
J.A.R. – H.C.
One need but ask Where is the
literature
Of nature, where the love poem and the
plain
Statement of feeling? How and when and
why
Did we conceive our horror for emotion,
Our fear of beauty? Whence the
isolation
And proud withdrawal of the
intellectual
Into the cool control-room of the
brain?
At what point in the history of art
Has such a cleavage between audience
And poet existed? When before has rime
Relied so heavily on the interpreter,
The analyst and the critic? Finally how
Has poetry as the vision of the soul
Descended to the poetry of sensation,
And that translated to the perceptive
kind,
Evolved
into the poetry of ideas?
Cumpre perguntar onde está a literatura
Da natureza, o poema de amor e a
simples
Revelação de sentimentos? Como, onde e
por que
Engendramos o nosso horror pela emoção,
Nosso receio pela beleza? De onde vem a
reclusão
E a orgulhosa retirada do intelectual
até a fria sala de controle do cérebro?
Em que ponto da história da arte
Existiu a excisão entre a audiência
E o poeta? Quando, antes, a rima
Dependeu tanto do intérprete,
Do analista e do crítico? Por fim, como
A poesia, enquanto visão da alma,
Declinou à poesia da sensação,
Que uma vez vertida ao tipo perceptivo,
Evoluiu
à poesia de ideias?
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