Alpes Literários

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Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Wilhelm Klemm - Programa

No programa expressionista formulado por Klemm persistem as dúvidas sobre os grandes segredos da poesia, pois o poeta continua a lidar com “lacunas fatais”, numa forma de carência e inadequação que, ao mesmo tempo, pode significar abertura a todas as experiências, inclusive alucinatórias, com perspectiva de acesso (ou não) à “morada dos deuses”.

 

É possível que, desse modo, apesar de todo o esforço do poeta, o sucesso resulte baldado. Com efeito, Klemm parece não ter seguido nenhum movimento ou tendência literária, embora se possa inferir de poemas como o desta postagem que os seus propósitos se alinham, de uma forma ou de outra, às associações surrealistas, com fundamento numa imagem textual serena, sóbria e, por que não dizer, lacônica.

 

J.A.R. – H.C.

 

Wilhelm Klemm

(1881-1968)

 

Programm

 

Wir wollen gar keine Poesie,

Wir wollen Taschenzauberkunststücke,

Wir suchen im Dasein eine fatale Lücke

Zu stopfen. Trotz krampfhafter Mühe gelingt es nie.

 

Aber was wißt ihr andern von den heimlichen Elevationen,

Von dem selig hysterischen Schluchzen der Kehle,

Wenn wir die erste Stufe, über deren Äonen –

haften. Folge die Götter wohnen,

Küssen, ganz verzehrt von dem Haschisch innrer Seele?

 

Um Questão de Gosto

(Mark Kostabi: artista norte-americano)

 

Programa

 

Não queremos poesia,

Queremos mágicas, artifícios,

Procuramos tapar na existência fatais vazios

E apesar de imenso esforço, uma atrofia.

 

Mas o que sabem vocês outros da secreta elevação, 

Dos sagrados e histéricos soluços da garganta a chorar,

Quando, consumidos pelo haxixe da alma em imersão,

Beijamos o primeiro degrau, para além de cujo limiar

Os deuses moram?

 

Referência:

 

KLEMM, Wilhelm. Programm / Programa. Tradução de Claudia Cavalcanti. In: BECHER, Johannes R. et al. Poesia expressionista alemã: uma antologia. Organização e tradução de Claudia Cavalcanti. Edição bilíngue ilustrada. São Paulo, SP: Estação Liberdade, 2000. Em alemão: p. 126; em português: p. 127.

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