Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Herman Melville - “Outrora Escrava”‎

É à dor dos afrodescendentes que se dirige Melville, de um negro que permanece, em muitos países, inclusive o Brasil, sem direito à igualdade de oportunidades, tudo porque há “porquinhos” – atualizemos os termos de Orwell para os dias que correm, “coxinhas” – muito mais “iguais” que outros!

 

E não nos enganemos: o grau de correlação entre negritude e pobreza representa um impacto estatístico tão relevante, que não se precisa sair das ruas para se perceber o que, de outro modo, busca-se representar em coeficientes, números ou modelos econométricos. Sublinhemos: a perspectiva de melhora no futuro, vislumbrada pelo escritor norte-americano, ainda não se concretizou, sobretudo em terras latino-americanas!

 

J.A.R. – H.C.

 

Herman Melville

(1819-1891)

 

“Formerly a Slave”

 

an idealized portrait, by E. Vedder,

in the spring exhibition of the

National Academy, 1865

 

The sufferance of her race is shown,

And retrospect of life,

Which now too late deliverance dawns upon;

Yet is she not at strife.

 

Her children's children they shall know

The good withheld from her;

And so her reverie takes prophetic cheer –

In spirit she sees the stir.

 

Far down the depth of thousand years,

And marks the revel shine;

Her dusky face is lit with sober light,

Sibylline, yet benign.

 

Jane Jackson - Outrora Escrava

(Elihu Vedder: pintor norte-americano)

 

“Outrora Escrava”

 

um retrato idealizado, da autoria de

E. Vedder, exposto na exposição de

Primavera na Academia Nacional,

em 1865

 

O sofrimento da sua raça é visível

Assim como a memória da vida,

Em que a tardia salvação agora desponta;

Porém, em paz está.

 

Os filhos de seus filhos conhecerão

O bem que lhe foi negado;

Assim seu devaneio tem algo de profético júbilo –

Em espírito vê a agitação

 

Nas profundezas de um milhar de anos

E o fulgor da festa distingue;

Seu rosto escuro iluminado por uma luz sóbria,

Sibilina, e todavia benigna.

 

Referência:

 

MELVILLE, Herman. “Formerly a slave” / “Outrora escrava”. Tradução de Mário Avelar. In: __________. Poemas. Selecção, tradução e introdução de Mário Avelar. Edição bilíngue. Lisboa, PT: Assírio & Alvim, 2009. Em inglês: p. 30; em português: p. 31. (“Documenta Poetica”, v. 128)

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