É à dor dos
afrodescendentes que se dirige Melville, de um negro que permanece, em muitos
países, inclusive o Brasil, sem direito à igualdade de oportunidades, tudo
porque há “porquinhos” – atualizemos os termos de Orwell para os dias que
correm, “coxinhas” – muito mais “iguais” que outros!
E não nos enganemos:
o grau de correlação entre negritude e pobreza representa um impacto
estatístico tão relevante, que não se precisa sair das ruas para se perceber o
que, de outro modo, busca-se representar em coeficientes, números ou modelos
econométricos. Sublinhemos: a perspectiva de melhora no futuro, vislumbrada
pelo escritor norte-americano, ainda não se concretizou, sobretudo em terras
latino-americanas!
J.A.R. – H.C.
Herman Melville
(1819-1891)
“Formerly a Slave”
an idealized
portrait, by E. Vedder,
in the spring
exhibition of the
National Academy,
1865
The sufferance of her
race is shown,
And retrospect of life,
Which now too late
deliverance dawns upon;
Yet is she not at strife.
Her children's
children they shall know
The good withheld from her;
And so her reverie
takes prophetic cheer –
In spirit she sees the stir.
Far down the depth of
thousand years,
And marks the revel shine;
Her dusky face is lit
with sober light,
Sibylline, yet benign.
Jane Jackson - Outrora Escrava
(Elihu Vedder: pintor norte-americano)
“Outrora Escrava”
um retrato
idealizado, da autoria de
E. Vedder, exposto na
exposição de
Primavera na Academia
Nacional,
em 1865
O sofrimento da sua
raça é visível
Assim como a memória da vida,
Em que a tardia
salvação agora desponta;
Porém, em paz está.
Os filhos de seus
filhos conhecerão
O bem que lhe foi negado;
Assim seu devaneio
tem algo de profético júbilo –
Em espírito vê a agitação
Nas profundezas de um
milhar de anos
E o fulgor da festa distingue;
Seu rosto escuro
iluminado por uma luz sóbria,
Sibilina, e todavia benigna.
Referência:
MELVILLE, Herman.
“Formerly a slave” / “Outrora escrava”. Tradução de Mário Avelar. In:
__________. Poemas. Selecção, tradução e introdução de Mário
Avelar. Edição bilíngue. Lisboa, PT: Assírio & Alvim, 2009. Em inglês: p.
30; em português: p. 31. (“Documenta Poetica”, v. 128)
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