Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 22 de julho de 2018

Janus Vitalis - Sobre Roma ‎

Vitalis (1485–c.1560), pouco conhecido humanista siciliano, é o autor deste poema que recebeu versões em diversas línguas, com maior ou menor gradação de fidelidade ao original, tais como os que Nelson Ascher traduziu ao português, apresentadas na obra em referência: em francês, por Joachim du Bellay (1522-1560), “Les Antiquités de Rome, 3” (ASCHER, 1998, p. 42-43); em polonês, por Mikołaj Sęp Szarzyński (1550-1581), “Epitafium Rzymowi” (ASCHER, 1998, p. 44-45); em inglês, por Thomas Heywood (1574-1641), “Rome” (ASCHER, 1998, p. 1998, p. 46-47); em espanhol, por Francisco de Quevedo y Villegas (1580-1645), “A Roma sepultada en sus ruinas” (ASCHER, 1998, p. 1998, p. 50-51); e em alemão, por Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), “Römische Elegien, 1” (ASCHER, 1998, p. 1998, p. 52-53).

Pesquisando na internet, encontrei ainda outra versão ao francês, da autoria de Jean Doublet (1528-1582), “Sur les ruines de Rome”, em formato que em nada lembra o do original, com 5 (cinco) estrofes.

Ou seja: muitas referências ao passado glorioso de Roma, que, no momento vivido pelos poetas tradutores, já ia longe, embora suas ruínas fossem – e ainda são – suficientes para ratificar a força de uma civilização que legou à humanidade criações indeléveis no domínio das artes e da cultura, mais notoriamente, na literatura, na arquitetura e no direito.

J.A.R. – H.C.

‘Capriccio’ com as Ruínas Romanas
(Giovanni P. Pannini: pintor italiano)

De Roma

Qui Roman in media quaeris nouus aduena Roma,
Et Romae in Roma nil reperis media,
Aspice murorum moles, praeruptaque saxa,
Obrutaque horrenti uasta theatra situ:
Haec sunt Roma: uiden uelut ipsa cadauera tantae
Vrbis adhuc spirent imperiosa minas?
Vicit ut haec mundum, nisa est se uincere: uicit,
A se non uictum ne quid in orbe forft.
Nunc uicta in Roma uictrix Roma ilia sepulta est?
Atque eadem uictrix, uictaque Roma fuît.
Albula Romani restât nunc nominis index,
Qui quoque nunc rapidis fertur in aequor aquis.
Disce hinc quid possit jortuna: immota labascunt,
Et quae perpetuo sunt agitata manent.

‘Capriccio’ com as ruínas do fórum romano
(Claude Lorrain: pintor francês)

Sobre Roma

Recém-chegado que, buscando Roma em Roma,
não encontras, em Roma, Roma alguma,
olha ao redor, muro e mais muro, pedras rotas,
ruínas, que assustam, de um teatro imenso:
é Roma isto que vês – cidade tão soberba,
que ainda exala ameaças seu cadáver.
Vencido o mundo, quis vencer-se e, se vencendo,
para que nada mais seguisse invicto,
jaz, na vencida Roma, Roma, a vencedora,
pois Roma é quem venceu e foi vencida.
Só resta, indício do que já foi Roma, o Tibre:
corrente rápida que corre ao mar.
Assim age a Fortuna: o que há de firme passa
e o que sempre se move permanece.

Referência:

VITALIS, Janus. De Roma / Sobre Roma. Tradução de Nelson Alscher. In: ASCHER, Nelson (Tradução e Organização). Poesia alheia: 124 poemas traduzidos. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1998. Em latim: p. 40; em português: p. 41. (Coleção “Lazuli”)

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