Vitalis (1485–c.1560), pouco conhecido humanista siciliano, é o autor
deste poema que recebeu versões em diversas línguas, com maior ou menor
gradação de fidelidade ao original, tais como os que Nelson Ascher traduziu ao
português, apresentadas na obra em referência: em francês, por Joachim du
Bellay (1522-1560), “Les Antiquités de Rome, 3” (ASCHER, 1998, p. 42-43); em
polonês, por Mikołaj Sęp Szarzyński (1550-1581), “Epitafium Rzymowi” (ASCHER,
1998, p. 44-45); em inglês, por Thomas Heywood (1574-1641), “Rome” (ASCHER,
1998, p. 1998, p. 46-47); em espanhol, por Francisco de Quevedo y Villegas
(1580-1645), “A Roma sepultada en sus ruinas” (ASCHER, 1998, p. 1998, p.
50-51); e em alemão, por Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), “Römische
Elegien, 1” (ASCHER, 1998, p. 1998, p. 52-53).
Pesquisando na internet, encontrei ainda outra versão ao francês, da
autoria de Jean Doublet (1528-1582), “Sur
les ruines de Rome”, em formato que em nada lembra o do original, com 5
(cinco) estrofes.
Ou seja: muitas referências ao passado glorioso de Roma, que, no momento
vivido pelos poetas tradutores, já ia longe, embora suas ruínas fossem – e
ainda são – suficientes para ratificar a força de uma civilização que legou à
humanidade criações indeléveis no domínio das artes e da cultura, mais
notoriamente, na literatura, na arquitetura e no direito.
J.A.R. – H.C.
‘Capriccio’ com as Ruínas Romanas
(Giovanni P. Pannini:
pintor italiano)
De Roma
Qui Roman in media
quaeris nouus aduena Roma,
Et Romae in Roma nil
reperis media,
Aspice murorum moles,
praeruptaque saxa,
Obrutaque horrenti
uasta theatra situ:
Haec sunt Roma: uiden
uelut ipsa cadauera tantae
Vrbis adhuc spirent
imperiosa minas?
Vicit ut haec mundum,
nisa est se uincere: uicit,
A se non uictum ne
quid in orbe forft.
Nunc uicta in Roma
uictrix Roma ilia sepulta est?
Atque eadem uictrix,
uictaque Roma fuît.
Albula Romani restât
nunc nominis index,
Qui quoque nunc
rapidis fertur in aequor aquis.
Disce hinc quid
possit jortuna: immota labascunt,
Et quae perpetuo sunt
agitata manent.
‘Capriccio’ com as ruínas do fórum romano
(Claude Lorrain:
pintor francês)
Sobre Roma
Recém-chegado que,
buscando Roma em Roma,
não encontras, em
Roma, Roma alguma,
olha ao redor, muro e
mais muro, pedras rotas,
ruínas, que assustam,
de um teatro imenso:
é Roma isto que vês –
cidade tão soberba,
que ainda exala
ameaças seu cadáver.
Vencido o mundo, quis
vencer-se e, se vencendo,
para que nada mais
seguisse invicto,
jaz, na vencida Roma,
Roma, a vencedora,
pois Roma é quem
venceu e foi vencida.
Só resta, indício do
que já foi Roma, o Tibre:
corrente rápida que
corre ao mar.
Assim age a Fortuna:
o que há de firme passa
e o que sempre se
move permanece.
Referência:
VITALIS, Janus. De Roma / Sobre Roma.
Tradução de Nelson Alscher. In: ASCHER, Nelson (Tradução e Organização). Poesia alheia: 124 poemas traduzidos.
Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1998. Em latim: p. 40; em português: p. 41. (Coleção
“Lazuli”)
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