Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 10 de julho de 2018

Guegham Sarian - Caneta ‎

O poeta dirige-se a um dos seus instrumentos de trabalho – talvez o mais importante (agora nem tanto, substituído que foi pelos ‘softwares’ de redação) –, pleiteando-lhe coisas que, de fato, somente o seu próprio talento é capaz de prover: a materialização de uma escrita que seja capaz de comover, revolver o estado anímico do leitor, tornando-o propenso a escutar-lhe as palavras.

 

Sarian espera que, desse modo, os poemas que saiam de sua pena perdurem no correr dos séculos. Para tanto, propõe-se um texto agradável, não apático, não obscuro, para que os seus destinatários não fiquem à volta de giros de interpretação que, não raras vezes, sequer terá passado próximo ao que o próprio autor, de início, concebera.

 

J.A.R. – H.C.

 

Guegham Sarian

(1902-1976)

 

Caneta

 

Caneta querida,

vivamos em paz!

Não zombes de mim,

de mim não te alheies.

 

O meu caminho está em tuas mãos.

Escreve cânticos emocionantes,

em palavras leais e agradáveis,

como o amor, como as flores.

 

Que as palavras penetrem os corações,

não sejam obscuras,

não sejam languentes

e atravessem os séculos.

 

Escrever é difícil, difícil é escrever

cantigas que comovam;

escrever sem comover,

ah! não desejes nunca!

 

Um Poeta

(Ernest Meissonier: pintor francês)

 

Referência:

 

SARIAN, Gegham. Caneta. Provável tradução de Yessai Kerouzian. In: KEROUZIAN, Yessai Ohannes (Organizador e provável tradutor). A nova poesia armênia. [São Paulo (SP)?]: [s.ed.]; [1982?]. p. 136. (Série ‘Armênia’; nº 8).

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