O poeta dirige-se a
um dos seus instrumentos de trabalho – talvez o mais importante (agora nem
tanto, substituído que foi pelos ‘softwares’ de redação) –, pleiteando-lhe
coisas que, de fato, somente o seu próprio talento é capaz de prover: a
materialização de uma escrita que seja capaz de comover, revolver o estado
anímico do leitor, tornando-o propenso a escutar-lhe as palavras.
Sarian espera que,
desse modo, os poemas que saiam de sua pena perdurem no correr dos séculos.
Para tanto, propõe-se um texto agradável, não apático, não obscuro, para que os
seus destinatários não fiquem à volta de giros de interpretação que, não raras
vezes, sequer terá passado próximo ao que o próprio autor, de início,
concebera.
J.A.R. – H.C.
Guegham Sarian
(1902-1976)
Caneta
Caneta querida,
vivamos em paz!
Não zombes de mim,
de mim não te
alheies.
O meu caminho está em
tuas mãos.
Escreve cânticos
emocionantes,
em palavras leais e
agradáveis,
como o amor, como as
flores.
Que as palavras
penetrem os corações,
não sejam obscuras,
não sejam languentes
e atravessem os
séculos.
Escrever é difícil,
difícil é escrever
cantigas que comovam;
escrever sem comover,
ah! não desejes
nunca!
Um Poeta
(Ernest Meissonier:
pintor francês)
Referência:
SARIAN, Gegham.
Caneta. Provável tradução de Yessai Kerouzian. In: KEROUZIAN, Yessai Ohannes
(Organizador e provável tradutor). A nova poesia armênia. [São
Paulo (SP)?]: [s.ed.]; [1982?]. p. 136. (Série ‘Armênia’; nº 8).
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