Stevens propõe-nos um poema cuja missão é a pronta interação da
imaginação com a realidade, numa viagem não só com partida, mas também com
retorno, às regiões contíguas ao sol nascente – o qual, sob tais circunstâncias,
pode mostrar-se verde, mimetizando a própria vegetação, para quem é
imprescindível.
É a arte da pintura ou do poema que tem o condão de tornar o sol
esverdeado, se assim o contexto o exigir: a poesia, enquanto paixão, nutre-se
da realidade, ela que se submete à imaginação, que, por sua vez, não tem outra
fonte senão essa mesma realidade!
Haverá um poema mais propício para se postar exatamente hoje, 21 de março, o comemorado Dia Mundial da Poesia?!
Haverá um poema mais propício para se postar exatamente hoje, 21 de março, o comemorado Dia Mundial da Poesia?!
J.A.R. – H.C.
(1879-1955)
Poetry is the subject of the poem
XXII
Poetry is the subject
of the poem,
From this the poem
issues and
To this returns.
Between the two,
Between issue and
return, there is
An absence in
reality,
Things as they are.
Or so we say.
But are these
separate? Is it
An absence for the
poem, which acquires
Its true appearances
there, sun’s green,
Cloud’s red, earth
feeling, sky that thinks?
From these it takes.
Perhaps it gives.
In the universal
intercourse.
In: “The man with the blue guitar”
(1937)
Nuvens como fogo
(Alexis Keys: pintora
norte-americana)
A poesia é o assunto do poema
XXII
A poesia é o assunto
do poema,
Daí parte o poema, e
aí
Retorna. E entre os
dois, entre
A partida e o
retorno, existe
Uma ausência no real,
As coisas corno são.
Segundo cremos.
Mas estarão de fato
separados?
Será uma ausência
para o poema, que toma
Suas veras aparências
lá, verde de sol,
Vermelho-nuvem, toque
de terra, céu pensante?
Disso é que toma. Ou
dá, talvez,
Nesse intercurso
universal.
Em: “O homem do violão azul” (1937)
Referência:
STEVENS, Wallace. XXII. Poetry is the
subject of the poem / XXII. A poesia é o assunto do poema. Tradução de Paulo Henriques Britto.
In: __________. Poemas. Seleção,
tradução e introdução de Paulo Henriques Britto. São Paulo, SP: Companhia das
Letras, 1987. Em inglês: p. 84 e 86; em português: p. 85 e 87.
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