Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 17 de março de 2018

Alberto de Oliveira - Espíritos

O poeta declina de presenciar uma provável sessão espírita para a qual foi convidado pela amada ou um amigo, em razão de seu assombro ou medo pelas notícias de que, além deste, há um outro domínio por vir: “um mundo de fantasmas, ledo ou triste”, sabe-se lá.

E ao final arremata que, sendo a vida um “mal tamanho”, imaginar que a morte não possa ser um fim, “estranho terror” nos assola, haja vista que migra para outras esferas uma provação a que aspirávamos nunca mais ser submetidos. Verdade ou alucinação?

J.A.R. – H.C.

Alberto de Oliveira
(1857-1937)

Espíritos

Não irei à sessão de teus espíritos
Ouvi-los nas respostas que te dão.
Deixa-me duvidar, como duvido,
Sem voltar a alma, sem voltar o ouvido
Ao que é verdade ou alucinação.

Deixa-me, como vivo, ir estes últimos
Dias vivendo, deixa-me acabar,
Pouco me dando de saber se existe
Um mundo de fantasmas, ledo ou triste,
Póstumo e vago, a remexer-se no ar.

Se da sobrevivência, ao que ouço, pávido,
Há provas, infeliz de mim, de ti,
De todos nós, pois, num terror estranho,
Vem-se a saber que a vida é mal tamanho
Que inda com a morte não termina aqui.

Em: “Rimas Várias”

Ossian evoca os espíritos ao som da harpa
(François Gérard: pintor francês)

Referência:

OLIVEIRA, Alberto de. Espíritos. In: __________. Poesias: 1904-1911. Terceira série. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1913. p. 171.

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