Ao vasculhar históricos de álbuns antigos na internet, encontrei o poema
abaixo num deles: uma homenagem do ativista social negro e líder do movimento
de direitos civis norte-americano, Julian Bond, ao também negro e
norte-americano, o cantor e pianista Ray Charles.
Como muitos outros jovens afro-descendentes, Bond foi influenciado pela combinação da música ‘gospel’ com o ‘blues’, e isso explica os
epítetos empregados pelo poeta a Charles: Bispo, Reverendíssimo, uma espécie de
“Sumo Sacerdote da Alma” a sacralizar as próprias lágrimas.
J.A.R. – H.C.
Julian Bond
(1940-2015)
The Bishop of Atlanta: Ray Charles
The Bishop seduces
the world with his voice
Sweat strangles mute
eyes
As insinuations gush
out through a hydrant of sorrow
Dreams, a world never
seen
Moulded on Africa’s
anvil, tempered down home
Documented in cries
and wails
Screaming to be
ignored, crooning to be heard
Throbbing from the
gutter
On Saturday night
Silver offering only
The Right Reverend’s
back in town
Don’t it make you
feel all right?
Ray Charles & Elton John
Sorry Seems to Be the
Hardest Word (2004)
O Bispo de Atlanta: Ray Charles
O Bispo seduz o mundo
com sua voz.
O suor embarga os
olhos mudos
E sonhos, um mundo
nunca visto,
Moldado na bigorna de
África, moderado em casa,
Documentado em
prantos e lamentos.
Ele grita para ser
ignorado, canta para ser ouvido.
Agita-se desde o
gueto,
No sábado à noite,
Somente por uma
oferenda de prata.
O Reverendíssimo está
de volta à cidade.
Isso não lhe faz
sentir-se bem?
Referência:
BOND, Julian. The bishop of Atlanta:
Ray Charles. In: CASH BOX. Cash Box
Pub. Co., september 4, 1971, n. 89, v. 33, p. 55. Disponível neste endereço.
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