Ao mesmo tempo melancólico e realista, este soneto de Millay coteja as
fases do amor com os ciclos da natureza: agora que aceita que o seu homem não a
ama mais com o intenso amor de ontem, resigna-se com o fato de que tal é o mote do amor – efêmero,
inconstante, plástico.
A cena de uma folha que se contorce com o vento é uma imagem
suficientemente vívida a denotar brevidade e perda de controle: em vez de
aprender com as situações passadas, ou as aparente metáforas da natureza, o
coração infirma a mente racional para seguir em sua busca obstinada por amor.
J.A.R. – H.C.
Edna St. Vincent Millay
(1892-1950)
Pity Me Not Because the Light of Day
Pity me not because
the light of day
At close of day no
longer walks the sky;
Pity me not for
beauties passed a way
From field and
thicket as the year goes by;
Pity me not the
waning of the moon,
Nor tiiat the ebbing
tide goes out to sea,
Nor that a man’s
desire is hushed so soon,
And you no longer
look with love on me.
This have I known
always: love is no more
Than the wide blossom
which the wind assails;
Than the great tide
that treads the shifting shore,
Strewing fresh
wreckage gathered in the gales.
Pity me that the
heart is slow to learn
What the swift mind
beholds at every turn.
O amor maltrata
Oringebob: artista
digital (UK)
Não lastimo porque a luz do dia
Não me angustio
porque ao fim do dia
A claridade já não
cruza o firmamento;
Do campo e do bosque
não lastimo as
Belezas que se vão ao
decurso do ano;
Não me enterneço pelo
minguar da lua,
Nem pela maré vazante
a baixar o mar,
Ou logo que cessa o desejo
do homem,
Visto que não me
olhas mais com amor.
Isto sempre o soube:
o amor não é mais
Que uma grande flor afligida
pelo vento;
Ou a maré alta premindo a orla instável,
A levar restos frescos
adidos pelas chuvas.
Deploro o vagar do
coração em absorver
O que a mente veloz
vê a cada instante.
Referência:
MILLAY, Edna St Vincent. Pity me not
because the light of Day. In: FOSTER, H. Lincoln (Ed.). Contemporary american poetry. New York, NY: Macmillan Company,
1963. p. 25.
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