Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 6 de março de 2018

Rafael Díaz Ycaza - Poesia ‎

O poeta se despede da poesia – será mesmo para nunca mais? –, esse louco cavalo que o desencaminha, num ritmo dissoluto, lascivo, até meandros da realidade nos quais ela, incitadora, se estende à cama com demônios, e onde, todavia, jamais se deixa capturar por completo.

O que Ycaza expõe em versos já muitos outros poetas e escritores teorizaram em prosa, vale dizer, o conceito inapreensível daquilo que costumamos denominar por “poesia”, ou melhor, sendo tão vasto o espectro de argumentações, será que haverá mesmo um domínio bem circunscrito onde a poesia, de fato, se alberga?!

J.A.R. – H.C.

Rafael Díaz Ycaza
(1925-2013)

Poesía

Adiós Poesía, caballo loco
potro cerril maldito
al que jamás yo pude sujetar la rienda
diente que te empenabas en comerme
fuego que nunca pude yo encender.

Adiós pájaro niebla, Orfeo sin amor
Querida y detestada
Eurídice empenada en acostarse
con los demonios.

Digo adiós a tu piel tenebrecida
a tu infancia ya vieja de renuncias
mundo demonio carne que me salvaste a veces
de la condenación de mis propios sentidos
con tus carruseles y tus trenes
que no llegaban nunca
de feliz-infeliz, ay, hasta cuándo.

Adiós, muslo centella
luciérnaga perdida de la casa
de la razón. Vuelvo a ser piedra
razonando y corriendo por rios de la muerte.

Enemiga doncella, todo vuelve a nacer
cuando te marchas: veo los panes realmente
como fueron
antes de que los doraras con tus mitos
con tu sexo de viento y tus auréolas
de vana y tentadora incitación.

Essência
Nydia Lozano: artista espanhola

Poesia

Adeus Poesia, cavalo louco
maldito potro indomado
a quem jamais pude sujeitar a rédea
dente que te empenhavas em comer-me
fogo que nunca pude acender.

Adeus pássaro névoa, Orfeu sem amor
Querida e detestada
Eurídice empenhada em deitar-se
com os demônios.

Digo adeus à tua pele tisnada
à tua infância já velha de renúncias
mundo demônio carne que às vezes me salvaste
da condenação de meus próprios sentidos
com teus carrosséis e teus trens
que não chegavam nunca
de feliz-infeliz, oh, até quando.

Adeus, coxa centelha
pirilampo perdido da casa
da razão. Volto a ser pedra
refletindo e correndo pelos rios da morte.

Donzela inimiga, tudo volta a nascer
quando partes: vejo os pães realmente
como foram
antes que os dourasses com teus mitos
com teu sexo de vento e tuas auréolas
de vã e tentadora incitação.

Referência:

YCAZA, Rafael Díaz. Poesía. In: __________. Señas y contrasueñas: antología poética. Guayaquil, EC: Núcleo del Guayas de la Casa de la Cultura Ecuatoriana, octubre 1978. p. 16. (Colección “Letras del Ecuador”; v. 78)

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