Tendo por pano de fundo a cena da adoração dos pastores, o monge francês
retrata o evento sob um inverno rigoroso, haja vista a descrição da neve a
cobrir os pés dos que primeiro acorreram ao estábulo, para adorar aquele que,
segundo Merton, dá sentido às suas vidas.
Trata-se, efetivamente, de uma meditação bem ao modo das que se propõem concentrar-se
em uma estrela, na escuridão dos céus, com poder para guiar as pessoas em direção
à luz renovadora do espírito, único meio de expressar a centelha divina que há
em cada ser humano.
J.A.R. – H.C.
Thomas Merton
(1915-1968)
A Christmas Card
When the white stars
talk together like sisters
And when the winter
hills
Raise their grand semblance
in the freezing night,
Somewhere one window
Bleeds like the brown
eye of an open force.
Hills, stars,
White stars that
stand above the eastern stable.
Look down and offer
Him
The dim adoring light
of your belief,
Whose small Heart
bleeds with infinite fire.
Shall not this Child
(When we shall hear
the bells of His amazing voice)
Conquer the winter of
our hateful century?
And when His Lady
Mother leans upon the crib,
Lo, with what rapiers
Those two loves fence
and flame their brilliancy!
Here in this straw
lie planned the fires
That will melt all
our sufferings:
He is our Lamb, our
holocaust!
And one by one the
shepherds, with their snowy feet,
Stamp and shake out
their hats upon the stable dirt,
And one by one kneel
down to look upon their Life.
A Adoração dos Pastores
(Jacob van Oost:
pintor flamengo)
Um Cartão de Natal
Quando as brancas
estrelas parolam coesas como irmãs
E as colinas expostas
ao inverno
Ostentam sua
aparência imponente na noite gelada,
Nalgum lugar uma
janela
Sangra como o olho
castanho de uma pródiga força.
Colinas, estrelas,
Brancas estrelas a
estacionar no oriente sobre o estábulo.
Olhe para baixo e
ofereça-Lhe
A tênue luz veneradora
de sua crença,
Cujo pequeno Coração
sangra com fogo infinito.
Será que esta Criança
(Quando ouviremos os
sinos de Sua voz admirável)
Não triunfará sobre o
inverno de nosso século ominoso?
E quando a Senhora Sua
Mãe se inclina sobre a manjedoura,
Veja, com que gládios
Esses dois amores brilham
envoltos em suas auréolas.
Aqui, sobre esta
palha, acham-se concebidos os fogos
Que extinguirão todos
os nossos sofrimentos:
Ele é o nosso
Cordeiro, nosso holocausto!
E, um a um, os
pastores, com os pés tomados pela neve,
Batem-nos no chão e
com os chapéus espanam o pó do estábulo,
E, um a um, prostram-se
para a sua Vida contemplar.
Referência:
MERTON, Thomas. A christmas card. In:
__________. The collected poems of
Thomas Merton. 1st. publ., 6th. print. New
York, NY: New Directions 1977. p.
184-185.
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