Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Carlos Germán Belli - Contraste no Advento

O poeta peruano contrasta a singeleza da cena da natividade, assim como descrita nas Escrituras, com o “estranho paradoxo humano”, vivenciado na exuberância e na plena disposição de recursos, tudo para satisfazer os sentidos, precipitando-se mesmo além da mera experiência sensorial.

É o disparate entre a riqueza de poucos e a pobreza de muitos, que leva ao altar do sacrifício os mais sensatos preceitos de Cristo, para fazer valer a cultura do materialismo, máxime exatamente quando se rememora o Advento, essa temporada de catarse e reflexão, simbolizada no purpúreo litúrgico.

J.A.R. – H.C.

Carlos Germán Belli
(n. 1927)

Constraste en Adviento

He aquí el Adviento alegre como antaño,
y otra vez la serenidad por dentro
recuperando el buen estado anímico
que es tan brillante y rico como el oro,
no obstante la pobreza del pesebre
adonde llegará el Niño Jesús.
Y vuelvo a las mientes del feliz
viviente terrenal inmerecido,
que en su disfrute de las dulces horas
es desde los quilates entrañables
hasta el fulgor que ciega las pupilas,
en claro contrapunto con lo nimio
del portal de Belén en que se escucha
el vagido divino entremezclado
con el guau, miau, mu de la grey vecina,
en tanto extraña paradoja humana:
oro en la faltriquera, chic atuendo,
hurras sonoros de la amplia garganta,
no con cinco sentidos, mas sí seis,
cuán en desemejanza para siempre
con el Eccehomo, que se nos fue así.

A Aventura da Jovem Senhora
(Paul Klee: pintor suíço-germânico)

Contraste no Advento

Eis aqui o Advento alegre como antes,
e outra vez a serenidade por dentro
recuperando o bom estado anímico
que é tão brilhante e rico como o ouro,
não obstante a pobreza do presépio
onde chegará o Menino Jesus.
E volto aos preceitos do feliz
vivente terrenal imerecido,
que em seu desfrute das doces horas
alcança desde os íntimos quilates
até o fulgor que cega as pupilas,
em claro contraponto com o humilde
do portal de Belém no qual se escuta
o vagido divino entremesclado com
o latido, o miado e o mugido da grei vizinha,
em contraste ao estranho paradoxo humano:
ouro na algibeira, vestimenta chique,
hurras sonoros da elástica garganta,
não com cinco sentidos, mas sim seis,
quão dessemelhante para sempre
com o Ecce Homo, que se nos foi assim.

Referência:

BELLI, Carlos Germán. Contraste en adviento. In: ALENCART, A. P.; CRUZ-VILLALOBOS, Luis (Eds.). Carne del cielo: versos de navidad. Antología de poetas iberoamericanos de hoy. Pinturas de Miguel Elías. Santiago, CL: Hebel Ediciones, 2015. p. 14. Disponível neste endereço.


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