Como outros deuses o homem se converteu, e de simples criatura passou a
criador, transformando o mundo à sua imagem, do que resultaram belos e maus
feitos, influenciando a expressão da vida presente nos animais e plantas,
alguns dos quais se extinguiram sobre a face da terra.
Mas mesmo como um ser pensante, um “caniço” como diria Pascal, tem a
humanidade os seus limites, limites esses que espraiam pelos domínios corporal,
cognitivo, espiritual e científico: como um deus, não alcança o homem a
perfeição do demiurgo que a tudo concebeu!
J.A.R. – H.C.
J. W. Goethe
Pintura de Gerhard
von Kügelgen
(1749-1832)
Grenzen der Menschheit
Wenn der uralte,
Heilige Vater
Mit gelassener Hand
Aus rollenden Wolken
Segnende Blitze
Über die Erde sät
Küss ich den letzten
Saum seines Kleides,
Kindliche Schauer
Treu in der Brust.
Denn mit Göttern
Soll sich nicht
messen
Irgend ein Mensch.
Hebt er sich aufwärts
Und berührt
Mit dem Scheitel die
Sterne,
Nirgends haften dann
Die unsichern Sohlen,
Und mit ihm spielen
Wolken und Winde.
Steht er mit festen,
Markigen Knochen
Auf der
wohlgegründeten
Dauernden Erde,
Reicht er nicht auf,
Nur mit der Eiche
Oder der Rebe
Sich zu vergleichen.
Was underscheidet
Götter von Menschen?
Dass viele Wellen
Vor jenen wandeln,
Ein ewiger Strom:
Uns hebt die Welle,
Verschlingt die
Welle,
Und wir versinken.
Ein kleiner Ring
Begrenzt unser Leben,
Und viele Geschlechter
Reihen sie dauernd,
An ihres Daseins
Unendliche Kette.
O Remexedor
(Igor Morski: artista
polaco)
Limites da Humanidade
Quando o antiquíssimo
Pai sagrado
Com mão impassível
De nuvens troantes
Semeia sobre a Terra
Relâmpagos de bênção,
Beijo eu a última
Fímbria da sua
túnica,
Temor filial
Fiel no peito.
Pois com Deuses
Não deve medir-se
Homem nenhum!
Ergue-se ele ao alto
Até tocar
Co’a cabeça os
astros,
Nenhures se prendem
Os pés incertos,
E com ele brincam
Nuvens e ventos.
E se está com ossos
De rijo tutano
Sobre a Terra firme,
Inabalável,
Nem sequer chega
A poder comparar-se
Com o carvalho
Ou com a vide.
O que é que distingue
Os Deuses dos homens?
Que muitas vagas
Ante aqueles
vagueiam,
Eterna torrente:
A nós ergue-nos a
vaga,
Traga-nos a vaga,
E vamos pra o fundo.
Um estreito anel
Nos limita a vida,
E muitas gerações
Se alinham constantes
À cadeia infinda
Do seu existir.
Referência:
Goethe, J. W. Grenzen der menschheit /
Limites da humanidade. Tradução de Paulo Quintela. In: __________. Poemas. Antologia, versão portuguesa,
notas e comentários de Paulo Quintela; 4. ed. Coimbra: Centelha – Promoção do
Livro, SARL, 1986. Em alemão: p. 46 e 48; em português: p. 47 e 49. (Poesia /
Autores Universais – 1)
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