O poeta indaga pelos mistérios que associam a divindade do menino às
mais categóricas exteriorizações da realidade empírica – estrela, vento, espaço
–, prenunciando a singularidade de seus desígnios sobre a terra: espírito revigorante
com a missão de fazer circular a consciência mística de Deus entre os homens.
A sua estrela representa uma insígnia para a iluminação e expansão da
dinâmica interior, motivo por que a mensagem de Cristo ainda permanece
contemporânea, para além dos efeitos corrosivos do tempo: “Vós sois a luz do
mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende
a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, para dar luz a todos
que estão na casa” (Mateus 5:14,15).
J.A.R. – H.C.
Emílio Guimarães Moura
(1902-1971)
Poemeto de Natal
(Para Sérgio)
Que diz a estrela
ao menino? Que segredo,
rápido, baixa, sobre
a fronte
que se ilumina e
capta
o esquivo
maravilhoso?
Que diz o vento
ao menino? Que
desígnios
esconde? Que ária
inventa,
entre flores e
frondes,
para que o infante
durma?
Que múrmura mensagem
corta o espaço? Que
elo,
rútilo, anula
a infinita distância
entre o menino e a
estrela?
A Natividade
(Gustave Doré:
artista francês)
Referência:
MOURA, Emílio. Poemeto de natal. In:
__________. 50 poemas escolhidos pelo
autor. Rio de Janeiro, GB: Ministério da Educação e Cultura, 1961. p. 55.
(‘Os cadernos de cultura’; v. 126)
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