Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Antônio Rangel Bandeira - Natal

Natal é todo o tempo, a qualquer época do ano, em que se faça renovar a vida, o espírito em especial, num ciclo infinito de criação. Natal também ocorre mesmo na morte, segundo o poeta, porque por igual se nasce, neste caso para experiências em outro plano de existência.

Natal, além disso, é um tempo de silêncio durante o qual a vida gesta os seus frutos, numa temporada de interioridade em que assimilamos a mecânica ponderosa do mundo, território primaz onde o que concebemos reflete-se em seus espelhos.

J.A.R. – H.C.

Antônio Rangel Bandeira
(1917-1988)

Natal

Vida que desperta na carne,
Natal, como te repetes!
Em todas as horas
De janeiro a dezembro
No berço que a vida recebe.
Testemunho da vida
Que não cessa nunca
Em sangue e pranto
Da natureza. Vida
Que nasce com vida,
Morte que sempre se anuncia,
Morte, às vezes, que nasce.
Natal em outubro, em maio, em abril,
Natal em dezembro, com Cristo nascendo,
Natal dos mortos porque nasceram,
Natal dos vivos que morrerão.
Natal te chamo filha.
Grito a palavra
– NATAL! Um grande silêncio
Paralisa todas as fábricas.
A fábrica da vida dá seu fruto.

Soprando Bolhas
(Giuseppe Magni: pintor italiano)

Referência:

BANDEIRA, Antônio Rangel. Natal. In: __________. O retrato fantasma: composições líricas & jogo partido. São Paulo, SP: Clube de Poesia de São Paulo, 1953. p. 30. (Coleção ‘Centenário)


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