Às proximidades das festas de fim de ano, vamos mudar um pouco o tom das
postagens, para que elas se tornem mais condizentes com a quadra. E começamos
com um poema rico em significados e conotações, pejado de nuances sonoras ao
ensejo de seu idioma original: o inglês.
O frio cortante de sua crosta e o fogo oculto em suas entranhas mostram
o quanto a Terra é o híbrido de forças opostas – como o Yin e o Yang da
filosofia taoísta –, um exemplar de tudo o quanto existe no universo, muito
honradamente, o lugar que viu nascer a forma humana.
J.A.R. – H.C.
Christina Rossetti
(1830-1894)
Advent
Earth grown old, yet
still so green,
Deep beneath her
crust of cold
Nurses fire unfelt,
unseen:
Earth grown old.
We who live are
quickly told:
Millions more lie hid
between
Inner swathings of
her fold.
When will fire break
up her screen?
When will life burst
thro’ her mould?
Earth, earth, earth,
thy cold is keen,
Earth grown old.
Fogo e Gelo
(Paul Tokarski:
pintor norte-americano)
Advento
Terra envelhecida,
ainda assim tão verde,
As profundezas sob
sua crosta de frio
Nutrem um fogo não
percebido, não visto:
Terra envelhecida.
A nós, vivos, presto dirige-se
um aviso:
Milhões e milhões
jazem ocultos entre
As camadas internas
de sua dobra.
Quando o fogo romperá
o seu manto?
Quando a vida rebentará
a sua forma?
Terra, terra, terra,
o teu frio é cortante,
Terra envelhecida.
Referência:
ROSSETTI, Christina. Advent. HOLLANDER,
John; McCLATCHY, J. D. (Sels. and Eds.). Christmas
poems. New York, NY: Alfred A. Knopf, 1999. p. 18. (‘Everyman’s Library
Pocket Poets’)
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