Que proveito em transcrever estas enérgicas palavras do poeta uruguaio,
para demarcar a minha repulsa implacável pelo que os políticos golpistas e
canalhas deste país, apoiados por um mídia que desinforma a massa em proveito próprio
(Globo, F.S.P, Estadão, Veja e outras da espécie) e por um judiciário (com “j”
minúsculo, assim mesmo!) tendencioso e sectário, estão fazendo com o Brasil, rifando-o a preço de
banana: um patrimônio conseguido pelo esforço de todos os brasileiros e alheado
para compensar favores privados, daqui e de lá de fora, recebidos
transversalmente, subterraneamente, por debaixo dos panos!
Que se vá o ano, para encerrar essa temporada de asco e escuridão,
permutando-a por outra de transparência e respeito ao povo, o qual, em última
instância, é quem banca com os seus recursos essa “festa” pernóstica que a “Casa
Grande” promove com os recursos do erário! Que a estrela deles se finde, e uma
estrela restauradora se fixe nos céus do Brasil! Tenhamos um grande 2018!
J.A.R. – H.C.
Mario Benedetti
(1920-2009)
Hombre que mira el cielo
Mientras pasa la
estrella fugaz
acopio este deseo instantáneo
montones de deseos
hondos y prioritarios
por ejemplo que el
dolor no me apague la rabia
que la alegría no
desarme mi amor
que los asesinos del
pueblo se traguen
sus molares caninos e
incisivos
y se muerdan
juiciosamente el hígado
que los barrotes de
las celdas
se vuelvan de azúcar
o se curven de piedad
y mis hermanos puedan
hacer de nuevo
el amor y la
revolución
que cuando
enfrentemos el implacable espejo
no maldigamos ni nos
maldigamos
que los justos
avancen
aunque estén
imperfectos y heridos
que avancen porfiados
como castores
solidarios como
abejas
aguerridos como
jaguares
y empuñen todos sus
noes
para instalar la gran
afirmación
que la muerte pierda
su asquerosa puntualidad
que cuando el corazón
se salga del pecho
pueda encontrar el
camino de regreso
que la muerte pierda
su asquerosa
y brutal puntualidad
pero si llega puntual
no nos agarre
muertos de vergüenza
que el aire vuelva a
ser respirable y de todos
y que vos muchachita
sigas alegre y dolorida
poniendo en tus ojos
el alma
y tu mano en mi mano
y nada más
porque el cielo ya
está de nuevo torvo
y sin estrellas
con helicóptero y sin
dios
En: “Trece Hombres que miran”
Olhando o Céu
(Eliza Kleczewska:
artista polonesa)
Homem que olha o céu
Enquanto passa a
estrela fugaz
junto neste desejo
instantâneo
montes de desejos
profundos e prioritários
por exemplo que a dor
não me apague a raiva
que a alegria não
desarme meu amor
que os assassinos do
povo engulam
seus molares caninos
e incisivos
e se mordam
sensatamente o fígado
que as grades das
celas
se tornem de açúcar
ou se curvem de piedade
e meus irmãos possam
fazer de novo
o amor e a revolução
que quando
enfrentarmos o implacável espelho
não maldigamos nem
nos maldigamos
que os justos avancem
mesmo que estejam
imperfeitos e feridos
que avancem porfiados
como castores
solidários como
abelhas
aguerridos como
jaguares
e empunhem todos seus
nãos
para instalar a
grande afirmação
que a morte perca sua
asquerosa pontualidade
que quando o coração
saia do peito
possa encontrar o
caminho de regresso
que a morte perca a
sua asquerosa
e brutal pontualidade
mas se chega pontual
não nos encontre
mortos de vergonha
que o ar volte a ser
respirável e de todos
e que você mocinha continue
alegre e dolorida
pondo nos seus olhos
a alma
e sua mão em minha
mão
e nada mais
porque o céu já está de
novo turvo
e sem estrelas
com helicópteros e
sem deus
Em: “Treze Homens que Olham”
Referência:
BENEDETTI, Mario. Hombre que mira el
cielo / Homem que olha o céu. Tradução de Julio Luís Gehlen. In: __________. Antologia poética. Tradução de Julio
Luís Gehlen. Edição bilíngue. Rio de Janeiro, RJ: Record, 1988. Em espanhol: p.
150; em português: p. 151.
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