Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 17 de dezembro de 2017

Gilberto Mendonça Teles - Natal ‎

À primeira leitura que fiz deste poema, imaginei tratar-se de um paralelo que o autor tecera entre o cenário da Natividade e o fato de a capital do Estado do Rio Grande do Norte chamar-se exatamente Natal – quando então caberiam alguns enunciados saídos dentre os seus versos.

Contudo, há alguns enunciados que não cabem em tal interpretação – a exemplo de “onde a vida não tem nome” ou “além da terra do mundo” –, e então passei a conjecturar que o poeta refere-se mesmo a um domínio transcendental, onde haveríamos de existir em outra “paisagem” que, do mesmo modo, associe-se a um nascimento arquetípico.

J.A.R. – H.C.

Gilberto Mendonça Teles
(n. 1931)
Bico de pena, por Luís Jardim, em 1972

Natal

Também sei de paisagem
onde há carneiros de lã
e árvores cheias de folhas
e muitas estrelas líquidas
e onde a vida não tem nome
nem tem neve, nem crepúsculo.

Também sei de uma paisagem
(além da terra do mundo)
que se abre como uma rosa
– Ali nasceremos todos
noutro cartão de natal.

Em: “Planície” (1958)

Natividade - A Sagrada Família
(Heidi Malott: artista norte-americana)

Referência:

TELES, Gilberto Mendonça. Natal. In: __________. Hora aberta: poemas reunidos. Organização de Eliane Vasconcelos. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. p. 770-771.


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