Hill, poeta inglês, saúda o exemplo do teólogo e pastor luterano alemão Dietrich
Bonhoeffer, que, por se posicionar frontalmente contrário à política nazista, foi
levado à prisão de Tegel, em Berlim, e posteriormente morto, num “sacrifício”
que, aos olhos de Hill, teve o condão de restaurar “os temas interrompidos de
louvor” num mundo incrédulo.
Bonhoeffer foi detido em razão de a Gestapo suspeitar que estivesse envolvido
na ajuda a judeus para escapar ao 3º Reich, o que era suspeita bem fundada.
Contudo, depois do plano falhado de assassinar Hitler em 20 de julho de 1944,
veio a se tornar claro que também estava envolvido naquela conspiração, razão
por que foi sumariamente executado em 9 de abril de 1945, em Flossenbürg.
Muito provavelmente o título concedido pelo inglês ao poema tenha a ver
com o nascimento de Cristo e a alegoria conexa da Palavra que se tornou carne, a
teor da versão do Evangelho de João ao português: “E o Verbo se fez carne e
habitou entre nós” (Jo 1: 14).
J.A.R. – H.C.
Geoffrey Hill
(1932-2016)
Christmas Trees
Bonhoeffer in his
skylit cell
bleached by the
flares’ candescent fall,
pacing out his own
citadel,
restores the broken
themes of praise,
encourages our
borrowed days,
by logic of his
sacrifice.
Against wild reasons
of the state
his words are quiet
but not too quiet.
We hear too late or
not too late.
Oh Árvore de Natal
(Richard Klingbeil:
artista norte-americano)
Árvores de Natal
Bonhoeffer em sua
cela com fenestra
clareada pelo evolar
candente das chamas,
passeando por sua
própria cidadela,
restaura os temas interrompidos
de louvor,
encoraja os nossos
dias emprestados,
pela lógica de seu
sacrifício.
Contra as razões
selvagens do Estado,
suas palavras são
tranquilas, mas nem tanto.
Escutamo-las tão
tardiamente ou nem tanto.
Referência:
HILL, Geoffrey. Christmas trees. In:
HOLLANDER, John; McCLATCHY, J. D. (Sel. & Ed.). Christmas poems. New York, NY: Alfred A. Knopf, 1999. p. 153.
(‘Everyman’s Library: Pocket Poets’)
Nenhum comentário:
Postar um comentário