Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 23 de dezembro de 2017

Geoffrey Hill - Árvores de Natal

Hill, poeta inglês, saúda o exemplo do teólogo e pastor luterano alemão Dietrich Bonhoeffer, que, por se posicionar frontalmente contrário à política nazista, foi levado à prisão de Tegel, em Berlim, e posteriormente morto, num “sacrifício” que, aos olhos de Hill, teve o condão de restaurar “os temas interrompidos de louvor” num mundo incrédulo.

Bonhoeffer foi detido em razão de a Gestapo suspeitar que estivesse envolvido na ajuda a judeus para escapar ao 3º Reich, o que era suspeita bem fundada. Contudo, depois do plano falhado de assassinar Hitler em 20 de julho de 1944, veio a se tornar claro que também estava envolvido naquela conspiração, razão por que foi sumariamente executado em 9 de abril de 1945, em Flossenbürg.

Muito provavelmente o título concedido pelo inglês ao poema tenha a ver com o nascimento de Cristo e a alegoria conexa da Palavra que se tornou carne, a teor da versão do Evangelho de João ao português: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1: 14).

J.A.R. – H.C.

Geoffrey Hill
(1932-2016)

Christmas Trees

Bonhoeffer in his skylit cell
bleached by the flares’ candescent fall,
pacing out his own citadel,

restores the broken themes of praise,
encourages our borrowed days,
by logic of his sacrifice.

Against wild reasons of the state
his words are quiet but not too quiet.
We hear too late or not too late.

Oh Árvore de Natal
(Richard Klingbeil: artista norte-americano)

Árvores de Natal

Bonhoeffer em sua cela com fenestra
clareada pelo evolar candente das chamas,
passeando por sua própria cidadela,

restaura os temas interrompidos de louvor,
encoraja os nossos dias emprestados,
pela lógica de seu sacrifício.

Contra as razões selvagens do Estado,
suas palavras são tranquilas, mas nem tanto.
Escutamo-las tão tardiamente ou nem tanto.

Referência:

HILL, Geoffrey. Christmas trees. In: HOLLANDER, John; McCLATCHY, J. D. (Sel. & Ed.). Christmas poems. New York, NY: Alfred A. Knopf, 1999. p. 153. (‘Everyman’s Library: Pocket Poets’)


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