Neste soneto com disposição nada convencional, Chesterton fala de sua
própria conversão, haja vista que o sujeito lírico enuncia juízos que encontram
ressonância na biografia do renomado autor inglês, que, em 1922, abraçou a
religião católica.
Com efeito, em sua obra “Ortodoxia”, de 1908 – quase um tratado de
retórica, repleto de argumentos que tangenciam o paradoxo –, ele defende os
valores cristãos, contra o cientificismo exacerbado e o culto materialista. Isso
explica em boa parte a visão expressa na derradeira linha deste poema, na qual Chesterton
se afirma ressuscitado como Lázaro, ao passar da doutrina unitarista à
anglicana, e desta à fé católica.
J.A.R. – H.C.
G. K. Chesterton
(1874-1936)
The Convert
After one moment when
I bowed my head
And the whole world
turned over and came upright,
And I came out where
the old road shone white,
I walked the ways and
heard what all men said,
Forests of tongues,
like autumn leaves unshed,
Being not unlovable
but strange and light;
Old riddles and new
creeds, not in despite
But softly, as men
smile about the dead.
The sages have a
hundred maps to give
That trace their
crawling cosmos like a tree,
They rattle reason
out through many a sieve
That stores the sand
and lets the gold go free:
And all these things
are less than dust to me
Because my name is
Lazarus and I live.
A Ressurreição de Lázaro
(Alessandro Magnasco:
pintor italiano)
O Converso
Depois de um momento
em que inclinei a cabeça
E o mundo inteiro revolveu-se
e se pôs de pé,
Retirei-me pela
antiga via, luzente em sua alvura,
Passeando pelas ruas
a ouvir todos os homens,
Bosques de línguas, como
folhas outonais por cair,
Que ominosas não
eram, senão estranhas e leves;
Velhos enigmas e
novos credos, não por agravo,
Mas por brandura,
como homens a rir dos mortos.
Os sábios têm uma
centena de mapas para legar,
Urdidos com seu cosmos
ramificado feito árvore,
Através de muitos crivos
eles chacoalham a razão
Para armazenar a
areia e deixar que o ouro se vá:
E todas essas coisas
são para mim menos que o pó,
Uma vez que o meu
nome é Lázaro e estou vivo.
Referência:
CHESTERTON, G. K. The convert.
In: __________. The collected poems of
G. K. Chesterton. New York, NY: Dodd, Mead & Company, 1961. p. 90.
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