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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

G. K. Chesterton - O Converso

Neste soneto com disposição nada convencional, Chesterton fala de sua própria conversão, haja vista que o sujeito lírico enuncia juízos que encontram ressonância na biografia do renomado autor inglês, que, em 1922, abraçou a religião católica.

Com efeito, em sua obra “Ortodoxia”, de 1908 – quase um tratado de retórica, repleto de argumentos que tangenciam o paradoxo –, ele defende os valores cristãos, contra o cientificismo exacerbado e o culto materialista. Isso explica em boa parte a visão expressa na derradeira linha deste poema, na qual Chesterton se afirma ressuscitado como Lázaro, ao passar da doutrina unitarista à anglicana, e desta à fé católica.

J.A.R. – H.C.

G. K. Chesterton
(1874-1936)

The Convert

After one moment when I bowed my head
And the whole world turned over and came upright,
And I came out where the old road shone white,
I walked the ways and heard what all men said,
Forests of tongues, like autumn leaves unshed,
Being not unlovable but strange and light;
Old riddles and new creeds, not in despite
But softly, as men smile about the dead.

The sages have a hundred maps to give
That trace their crawling cosmos like a tree,
They rattle reason out through many a sieve
That stores the sand and lets the gold go free:
And all these things are less than dust to me
Because my name is Lazarus and I live.

A Ressurreição de Lázaro
(Alessandro Magnasco: pintor italiano)

O Converso

Depois de um momento em que inclinei a cabeça
E o mundo inteiro revolveu-se e se pôs de pé,
Retirei-me pela antiga via, luzente em sua alvura,
Passeando pelas ruas a ouvir todos os homens,
Bosques de línguas, como folhas outonais por cair,
Que ominosas não eram, senão estranhas e leves;
Velhos enigmas e novos credos, não por agravo,
Mas por brandura, como homens a rir dos mortos.

Os sábios têm uma centena de mapas para legar,
Urdidos com seu cosmos ramificado feito árvore,
Através de muitos crivos eles chacoalham a razão
Para armazenar a areia e deixar que o ouro se vá:
E todas essas coisas são para mim menos que o pó,
Uma vez que o meu nome é Lázaro e estou vivo.

Referência:

CHESTERTON, G. K. The convert. In: __________. The collected poems of G. K. Chesterton. New York, NY: Dodd, Mead & Company, 1961. p. 90.

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