Unidade e dualidade: muito provavelmente o poema de Milliet faz rápida
digressão sobre as vicissitudes do relacionamento amoroso, em cujo itinerário
se podem constatar, com nitidez, as distinções de personalidade de cada um dos parceiros,
ainda que sob o propósito de se integrarem num enlace identitário.
Para viver um grande amor, como diria Vinicius, é preciso um permanente
cuidado não só com o corpo, mas, e sobretudo, com a mente, para assim levar o
batel nem tanto ao mar nem tanto à terra, ou melhor, sem ciúme doentio pelo(a)
amante, nem deixá-lo(a) à solta, num autêntico “laissez-faire”...
J.A.R. – H.C.
Sérgio Milliet
(1898-1966)
Unidade
Jamais seremos um
mais de um minuto!
Todas as forças se
concentram
todos os desejos se
enrijam
todos os anseios se
sublimam
na urgência de sermos
um...
Mas apenas
desprende-se a centelha
já se quebram todas
as molas,
inexorável dualidade!
Jamais seremos um
mais de um minuto!
Amantes
(William Powell Frith:
pintor inglês)
Referência:
MILLIET, Sérgio. Unidade. In:
__________. Poesias. Porto Alegre,
RS: Livraria do Globo, 1946. p. 140.
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