Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Peter Wild - doxologia

Um poema sobre o qual qualquer interpretação se torna difícil, se não for dada a conhecer pessoalmente pelo seu autor: isso é o mínimo que se pode dizer da visão doxológica esgrimida pelo poeta norte-americano nos versos transcritos a seguir.

Elementos caracterizadores de um santuário, onde que se consumam sacrifícios, no mesmo momento em que uma entidade, a quem se dirige o sujeito lírico, plana no horizonte, fazendo os seres viventes entrarem num estado de lassidão.

J.A.R. – H.C.

Peter Wild
(1940-2009)

doxology

seven hooded pilgrims
standing at the altar
girded with gunbelts and leather horns;
above us the white clay ceiling
blossoms with silver stars
and moths

through the twisted windows
hills leap at us
in waves of flowers, snow
and pines;
the wounded trees
drip their bitter sap
into our mouths...

they turn on us pointing
halberds and pikes,
cock their blunderbusses,
hands, teeth and hair turning white;
birds rustle in the belfry,
blood corsages
clot our pitted breasts

while you in tight cap
and wooden shoes
soar above the hills and steeple,
from your vaginal bellows
a wind in which
the flowers drowse,
cattle dream,
and our heads turning pulpy
nod.

Doxologia
(Rich Ackerman: pintor inglês)

doxologia

sete encapuzados peregrinos
de pé no altar
cingidos com cinturões e cornos de couro;
acima de nós o teto de argila branca
flores com estrelas prateadas
e mariposas

através de janelas retorcidas
as colinas nos saltam
em ondas de flores, neve
e pinheiros;
as árvores lanhadas
gotejam sua amarga seiva
em nossas bocas...

eles se voltam para nós apontando
alabardas e hastas,
engatilham os seus bacamartes,
e suas mãos, dentes e cabelos tornam-se brancos;
os pássaros farfalham no campanário,
ramalhetes de sangue
coalham em nossos peitos crivados

enquanto você num gorro apertado
e sapatos de madeira
plana sobre as colinas e o campanário;
de suas grotas vaginais
sopra um vento sob o qual
as flores dormitam,
o gado sonha,
e nossas cabeças pendem molemente
num meneio.

Referência:

WILD, Peter. Doxology. In: SHUCK, Marjorie; Garrott, George (Eds.). Poetry ventured: a poetry venture anthology. A collection of poems from the eight previously published issues of Poetry Venture, vol. 1, n. 1 through vol. 4, n. 2, 1968-1972. St. Petersburg, FL: Poetry Venture Publishers, 1972. p. 115.

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