O mar em seu ir e vir interminável. O fluxo dos dias da alvorada ao
anoitecer. Um mar de ondas e espumas onde flutuas num revérbero de identidades.
Todas as imagens do mar: sob um céu chuvoso e cinzento ou sob a luz que
rebrilha em suas vagas...
Marulho e maresia tem o mar. E em sua indolência que perpassa o ano
inteiro, retém o poeta um mês de espumas e de peixes – tal é o resultado do
rastreio empreendido sob a palpitação refletida em seus espelhos arquetípicos.
J.A.R. – H.C.
Octavio Paz
(1914-1998)
El mar...
El mar, el mar y tú,
plural espejo,
el mar de torso
perezoso y lento
nadando por el mar,
del mar sediento:
el mar que muere y
nace en un reflejo.
El mar y tú, su mar,
el mar espejo:
roca que escala el
mar con paso lento,
pilar de sal que
abate el mar sediento,
sed y vaivén y apenas
un reflejo.
De la suma de
instantes en que creces,
del círculo de
imágenes del año,
retengo un mes de
espumas y de peces,
y bajo cielos
líquidos de estaño
tu cuerpo que en la
luz abre bahías
al obscuro oleaje de
los dias.
A Onda
(Gustave Coubert:
pintor francês)
O mar...
O mar, o mar e tu,
plural espelho,
o mar de torso
preguiçoso e lento
nadando pelo mar, do
mar sedento:
o mar que morre e
nasce num reflexo.
O mar e tu, seu mar,
o mar espelho:
rocha que escala o
mar com passo lento,
pilar de sal que
abate o mar sedento,
sede e vaivém e
apenas um reflexo.
Da soma de instantes
em que cresces,
do círculo de imagens
do ano,
retenho um mês de
espumas e peixes,
e sob céus líquidos
de estanho
teu corpo que na luz
abre baías
ao escuro ondular dos
dias.
Referência:
PAZ, Octavio. O mar... In: __________. Obras completas. Obra poética I:
1935-1970. Bajo tu clara sombra: 1935-1944. Tomo XI. Edición del autor. 2. ed.
México, DF: Fondo de Cultura Económica, 1997. p. 27. (Letras Mexicanas)
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