De Buñuel tenho algumas recordações em função das sessões promovidas
pela Associação Paraense de Críticos Cinematográficos (APCC), no antigo
cineminha existente na Base Naval de Belém – o Guajará –, lá pelos fins dos
anos 70, começo dos 80, quando entrei em contato com muitas de suas películas, a exemplo de “Um Cão Andaluz” (“Un Chien Andalou”,
1928), “Os Esquecidos” (“Los Olvidados”, 1950), “Nazarin” (1958), “Viridiana”
(1961), “O Anjo Exterminador” (“El Ángel Exterminador”, 1962), dentre outras.
O poema desta postagem, de sua autoria, muito reflete as tendências
surrealistas que hauriu da companhia do pintor Salvador Dalí, aliás, com quem
desenvolveu o roteiro para o mencionado “Um Cão Andaluz”, um filme curto, a se estender por não mais de meia hora, com o qual você, internauta, pode se deliciar acessando o seguinte endereço.
J.A.R. – H.C.
Luis Buñuel
(1900-1983)
Pájaro de Angustia
Un plesiosauro dormía
entre mis ojos
mientras la música
ardía en una lámpara
y el paisaje sentía
una pasión de Tristán e Iseo.
Tu cuerpo se ajustaba
al mío
como una mano se
ajusta a lo que quiere ocultar;
despellejada
me mostraba tus
músculos de madera
y los ramilletes de
lujuria,
que podían hacerse
con tus venas.
Se oía un galope de
bisontes en celo
entre nuestros pelos
que temblaban como las
hojas de un jardín;
todos los diálogos de
amor se parecen,
todos tienen acordes
delirantes,
pero el pecho
aplastado
por una música de
recuerdos seculares;
luego viene la
oración y el viento,
el viento que teje
sonidos en punta
de una dulzura de
sangre,
de aullidos hechos
carne.
¿Qué anhelos, qué
deseos de mares rotos
convertidos en níquel
o en un canto
ecuménico de lo que pudo ser tragedia,
nacerán, los pájaros
de nuestras bocas juntas,
mientras la muerte
nos entra por los pies?
Tendida como un
puente de besos de piedra dio la una.
Las dos volaron con
las manos cruzadas sobre el pecho.
Las tres se oían más
lejanas que la muerte.
Las cuatro ya
temblaban de alba.
Las cinco trazaban
con compás el círculo
transmisor del día.
A las seis se oyeron
las cabrillas de los alpes
conducidas por los
monjes al altar.
Amor Cúbico Não Geométrico
(Sulimov Alexandr:
pintor russo)
Pássaro de Angústia
Um plesiossauro
dormia entre meus olhos
enquanto a música
ardia em uma lâmpada
e a paisagem sentia
uma paixão de Tristão e Isolda.
Teu corpo se ajustava
ao meu
como uma mão se
ajusta ao que quer ocultar;
despelada,
mostrava-me teus
músculos de madeira
e os ramalhetes de
luxúria
que podiam ser feitos com tuas veias.
Ouvia-se um galope de
bisões no céu
entre nossos cabelos
que se agitavam como as
folhas de um jardim;
todos os diálogos de
amor se parecem,
todos têm acordes
delirantes,
fora o peito oprimido
por uma música de recordações
seculares;
logo vêm a oração e o
vento,
o vento que tece sons
na ponta
de uma doçura de
sangue,
de uivos feitos
carne.
Que anelos, que
desejos de mares fendidos
convertidos em níquel
ou em um canto
ecumênico do que pôde ser tragédia,
nascerão, os pássaros
de nossas bocas juntas,
enquanto a morte nos entra
pelos pés?
Deu uma hora estendida
como uma ponte de
beijos de pedra.
As duas voaram com as
mãos cruzadas no peito.
As três se ouviam
mais distantes que a morte.
As quatro já se
agitavam com o romper do dia.
As cinco traçavam com
compasso o círculo
transmissor do dia.
Às seis se ouviram as
ovelhas dos Alpes
conduzidas pelos
monges ao altar.
Referência:
BUÑUEL, Luis. Pájaro de angustia. In:
__________. Luis Buñuel: obra
literaria. Introducción y notas de Agustín Sánchez Vidal. Zaragoza, ES:
Ediciones de Heraldo de Aragón, 1982. p. 142.
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