O poeta exprime autoestima com o lastro multifacetado de suas origens:
há menção à influência grega, italiana, síria, árabe e franco-egípcia, no plano
cultural; e no âmbito religioso, aos credos católico, islâmico e copta.
Firme em suas convicções, nem se dá por atemorizado pelo repto de seus
adversários. E Damasco é o referente maior de onde emanam os ascendentes que
interferem em seu modo de ser – meio árabe, meio latino.
J.A.R. – H.C.
Mário Chamie
(1933-2011)
Autoestima
Sou Chamie,
venho de Damasco.
Franco-egípcio
é o meu passado.
Sírio sou helenizado.
De Damasco
ao meu legado,
sou católico
e islâmico,
copta apostólico
catequizado.
No pórtico
mediterrâneo,
sou ático e arábico.
Vou contra o deserto
de desafetos
contrários.
Sem custo nem preço
que se meça,
em nome de meu gênio
atlântico e
adriático,
desprezo a cabeça
e a sentença
de meus adversários,
adversos e vicários.
Sou Chamie, Mário.
Franco-egípcio
é o meu passado.
Por onde entro,
venho de Damasco
pela porta
do apóstolo Paulo.
Sírio sou helenizado.
Venho de Damasco,
por onde saio.
Tocador de Flauta
(V. V. Swamy: artista
indiano)
Referência:
CHAMIE, Mário. Autoestima. In:
__________. Caravana contrária:
poemas. São Paulo, SP: Geração Editorial, 1998. p. 26-27.
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