Um poeta consciente da fragilidade humana, da fugacidade da vida, do puro
e simples fluir da existência, num momento em que a juventude já se foi,
ficando-lhe certa compunção nos lábios: esta é a resenha que Verlaine extrai do
momento em que redige o poema.
Tudo são impressões que lhe invadem os olhos, num estado mental que se
pressente débil, ante o “lamento” que se metaforiza por meio do canto do
pássaro, de tal modo que se tornam explícitos os recursos literários, visuais e
auditivos, empregados pelo poeta.
J.A.R. – H.C.
Paul Marie Verlaine
(1844-1896)
Le ciel est par-dessus le toit
Le ciel est,
par-dessus le toit,
Si bleu, si calme!
Un arbre, par-dessus
le toit,
Berce sa palme.
La cloche, dans le
ciel qu’on voit,
Doucement tinte.
Un oiseau sur l’arbre
qu’on voit
Chante sa plainte.
Mon Dieu, mon Dieu,
la vie est là
Simple et tranquille.
Cette paisible
rumeur-là
Vient de la ville.
Qu’as-tu fait, ô toi
que voilà
Pleurant sans cesse,
Dis, qu’as-tu fait,
toi que voilà,
De ta jeunesse?
O Campanário de Douai
(Camille Corot:
pintor francês)
Canção
O céu azul sobre o
telhado
repousa em calma.
Uma árvore sobre o
telhado
balança a palma.
A voz de um sino
mansamente
ressoa no ar.
Um passarinho
mansamente
põe-se a cantar.
Meu Deus, meu Deus,
esta é que é a vida,
simples, tranquila,
como o rumor suave de
vida
que vem da vila.
– Tu que aí choras,
que é que fizeste,
dize, em verdade,
tu que aí choras, que
é que fizeste
da mocidade?
Referências:
Em Francês
VERLAINE, Paul Marie. Le ciel est
par-dessus le toit. Disponível neste endereço. Acesso em: 27 ago.
2017.
Em Português
VERLAINE, Paul Marie. Canção. Tradução
de Onestaldo de Pennafort. In: LISBOA, Henriqueta (Org.). Antologia escolar de poemas para a juventude. Rio de Janeiro, RJ:
Ediouro - Tecnoprint, 1981. p. 120.
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