O poeta intitula o poema com explícita
alusão a uma hipotética criação musical do compositor russo, de matiz
romântico, Aleksandr Konstantinovitch Glazunov (1865-1936), de forma a induzir o
leitor, por meio de palavras – em vez de notas musicais – a se deliciar com sensações
imediatas, sem necessidade de racionalizações verbais.
Cheio de interrogações, os versos do
poema mais parecem um jogo de “brainstorming” (“tempestade de ideias”), com
incidentais conexões, como a que ocorre entre as palavras “urso” e “janela” –
presentes em versos separados na primeira estrofe, mas interligadas na segunda.
J.A.R. – H.C.
John Ashbery
(n. 1927)
Glazunoviana
The man with the red
hat
And the polar bear,
is he here too?
The window giving on
shade,
Is that here too?
And all the little
helps,
My initials in the
sky,
The hay of an arctic
summer night?
The bear
Drops dead in sight
of the window.
Lovely tribes have
just moved to the north.
In the flickering
evening the martins grow denser.
Rivers of wings
surround us and vast tribulation.
Pintura sem Título
(Terry Lee: pintor
norte-americano)
Glazunoviana
O homem com o chapéu
vermelho
E o urso polar, ele está aqui também?
A janela que dá para a persiana,
Isso também está
aqui?
E todos os pequenos favores,
Minhas iniciais no
céu,
O feno de uma noite
ártica de verão?
O urso
Bate em retirada à vista da
janela.
Tribos cativantes acabam de se mudar para o norte.
No rútilo anoitecer os martins tornam-se mais
densos.
Rios de asas nos
cercam e grande tribulação.
Referência:
ASHBERY, John. Glazunoviana. In:
McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary american poetry.
2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march
2003. p. 274-275.
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