A repetição de alguns versos em cada
estrofe torna este poema de Auden facilmente memorável, mesmo porque concorre
para que se evidencie, ao correr das linhas, a sua temática central: a passagem
do tempo, o amor – de cujo conteúdo o poeta não logrou expressar verbalmente os
seus limites – e o corriqueiro desalento, ante o outono da vida.
Auden nos leva por um rol de imagens
justapostas: rosas se expandindo, folhas em decomposição, choro em vez de risos
nas apresentações dos palhaços, tropeços em vez de dança ao som da música, tudo
servindo como exame à inconstância de nossas experiências sob o fluxo das horas.
J.A.R. – H.C.
W. H. Auden
(1907-1973)
If I Could Tell You
Time will say nothing
but I told you so,
Time only knows the
price we have to pay;
If I could tell you I
would let you know.
If we should weep
when clowns put on their show,
If we should stumble
when musicians play,
Time will say nothing
but I told you so.
There are no fortunes
to be told, although,
Because I love you more
than I can say,
If I could tell you I
would let you know.
The winds must come
from somewhere when they blow,
There must be reasons
why the leaves decay;
Time will say nothing
but I told you so.
Perhaps the roses
really want to grow,
The vision seriously
intends to stay;
If I could tell you I
would let you know.
Suppose the lions all
get up and go,
And all the brooks
and soldiers run away;
Will Time say nothing
but I told you so?
If I could tell you I
would let you know.
Flores Desabrochando
(Louis Aston Knight:
artista franco-americano)
Se Eu Pudesse te Dizer
O tempo nada dirá, contudo ciente já
por mim estás,
O tempo só sabe o preço que havemos de
pagar;
Se eu pudesse te dizer, faria com que o
soubesses.
Se deveríamos chorar quando os palhaços
se exibem,
Se deveríamos tropeçar quando os
músicos tocam,
O tempo nada dirá, contudo ciente já
por mim estás.
Conquanto não haja fortunas a serem relatadas,
Porque te amo mais do que consigo
expressar,
Se eu pudesse te dizer, faria com que o
soubesses.
Os ventos devem vir de algum lugar
quando sopram,
Deve haver motivos pelos
quais as folhas caem;
O tempo nada dirá, contudo ciente já
por mim estás.
Talvez as rosas
realmente queiram expandir-se,
E tal visão se
proponha seriamente em subsistir;
Se eu pudesse te dizer, faria com que o
soubesses.
Suponha que todos os leões se levantem
e partam,
E todos os córregos e soldados corram
para longe;
Dirá o tempo algo além daquilo que eu
já te disse?
Se eu pudesse te dizer, faria com que o
soubesses.
Referência:
DONAGHY,Michael. The present. In:
BENSON, Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT, Cicely (Eds.). Best poems on the
underground. 1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, 2009. p. 12.
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é uma vilanela.
ResponderExcluirPrezado(a): Exato! Veja a definição de Geir Campos, contida em seu "Pequeno Dicionário de Arte Poética" (Rio de Janeiro, Conquista, 1969; p. 207):
ExcluirVILANELA — Tipo de poema ESTRÓFICO formado por uma série de TERCETOS em que há uma RIMA para os VERSOS primeiro e terceiro, e outra para o segundo, ligando todas as ESTROFES, até à última, que é aumentada de um quarto VERSO rimando com o segundo, como em "Chama e fumo", do livro "A Cinza das Horas", de Manuel Bandeira [v. https://www.escritas.org/pt/t/11057/chama-e-fumo].
Um abraço,
João A. Rodrigues