Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 21 de abril de 2017

W. H. Auden - Se Eu Pudesse te Dizer

A repetição de alguns versos em cada estrofe torna este poema de Auden facilmente memorável, mesmo porque concorre para que se evidencie, ao correr das linhas, a sua temática central: a passagem do tempo, o amor – de cujo conteúdo o poeta não logrou expressar verbalmente os seus limites – e o corriqueiro desalento, ante o outono da vida.

Auden nos leva por um rol de imagens justapostas: rosas se expandindo, folhas em decomposição, choro em vez de risos nas apresentações dos palhaços, tropeços em vez de dança ao som da música, tudo servindo como exame à inconstância de nossas experiências sob o fluxo das horas.

J.A.R. – H.C.

W. H. Auden
(1907-1973)

If I Could Tell You

Time will say nothing but I told you so,
Time only knows the price we have to pay;
If I could tell you I would let you know.

If we should weep when clowns put on their show,
If we should stumble when musicians play,
Time will say nothing but I told you so.

There are no fortunes to be told, although,
Because I love you more than I can say,
If I could tell you I would let you know.

The winds must come from somewhere when they blow,
There must be reasons why the leaves decay;
Time will say nothing but I told you so.

Perhaps the roses really want to grow,
The vision seriously intends to stay;
If I could tell you I would let you know.

Suppose the lions all get up and go,
And all the brooks and soldiers run away;
Will Time say nothing but I told you so?
If I could tell you I would let you know.

Flores Desabrochando
(Louis Aston Knight: artista franco-americano)

Se Eu Pudesse te Dizer

O tempo nada dirá, contudo ciente já por mim estás,
O tempo só sabe o preço que havemos de pagar;
Se eu pudesse te dizer, faria com que o soubesses.

Se deveríamos chorar quando os palhaços se exibem,
Se deveríamos tropeçar quando os músicos tocam,
O tempo nada dirá, contudo ciente já por mim estás.

Conquanto não haja fortunas a serem relatadas,
Porque te amo mais do que consigo expressar,
Se eu pudesse te dizer, faria com que o soubesses.

Os ventos devem vir de algum lugar quando sopram,
Deve haver motivos pelos quais as folhas caem;
O tempo nada dirá, contudo ciente já por mim estás.

Talvez as rosas realmente queiram expandir-se,
E tal visão se proponha seriamente em subsistir;
Se eu pudesse te dizer, faria com que o soubesses.

Suponha que todos os leões se levantem e partam,
E todos os córregos e soldados corram para longe;
Dirá o tempo algo além daquilo que eu já te disse?
Se eu pudesse te dizer, faria com que o soubesses.

Referência:

DONAGHY,Michael. The present. In: BENSON, Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT, Cicely (Eds.). Best poems on the underground. 1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, ‎‎2009. p. 12.

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Prezado(a): Exato! Veja a definição de Geir Campos, contida em seu "Pequeno Dicionário de Arte Poética" (Rio de Janeiro, Conquista, 1969; p. 207):
      VILANELA — Tipo de poema ESTRÓFICO formado por uma série de TERCETOS em que há uma RIMA para os VERSOS primeiro e terceiro, e outra para o segundo, ligando todas as ESTROFES, até à última, que é aumentada de um quarto VERSO rimando com o segundo, como em "Chama e fumo", do livro "A Cinza das Horas", de Manuel Bandeira [v. https://www.escritas.org/pt/t/11057/chama-e-fumo].
      Um abraço,
      João A. Rodrigues

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