Neste breve poema, Levertov
exorta a beleza do verão e, por extensão, da própria vida, lembrando-nos de que
cada minuto está aí para ser desfrutado, como se fosse o último. Afinal, o
momento presente é o único que podemos reivindicar, haja vista que o passado já
não pode ser recuperado, tampouco o futuro está ao nosso alcance.
Trata-se de uma ideia, ou melhor, de um
tropo literário bastante comum sobre o imediatismo, a urgência de se
experimentar o real, expresso em cada verso ao final das tríades do poema, além
de seu derradeiro verso – o qual surge como reflexão sobre o tema da natureza, traduzido
por uma salamandra vermelha que a poetisa tem na mão aberta, sentindo-lhe o
frio e o movimento lerdo como em sonho, antes de deixá-la partir.
J.A.R. – H.C.
Denise Levertov
(1923-1997)
Living
The fire in leaf and
grass
so green it seems
each summer the last
summer.
The wind blowing, the
leaves
shivering in the sun,
each day the last
day.
A red salamander
so cold and so
easy to catch,
dreamily
moves his delicate
feet
and long tail. I hold
my hand open for him
to go.
Each minute the last
minute.
Salamandra das
Cavernas
(John N. Agnew:
artista norte-americano)
Vivendo
O fogo em folha e grama
tão verde parece;
cada verão o último verão.
O vento que sopra, as folhas
a vibrar sob o sol;
cada dia o último dia.
Uma salamandra
tão fria e tão
fácil de pegar, languidamente
move as delicadas patas
e sua longa cauda. Mantenho
minha mão aberta para deixá-la ir.
Cada minuto o último minuto.
Referência:
LEVERTOV, Denise. Living. In: BENSON,
Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT, Cicely (Eds.). Best poems on the underground. 1st. publ. London,
EN: Weidenfeld & Nicolson, 2009. p. 164.
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