Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Denise Levertov - Vivendo ‎

Neste breve poema, Levertov exorta a beleza do verão e, por extensão, da própria vida, lembrando-nos de que cada minuto está aí para ser desfrutado, como se fosse o último. Afinal, o momento presente é o único que podemos reivindicar, haja vista que o passado já não pode ser recuperado, tampouco o futuro está ao nosso alcance.

Trata-se de uma ideia, ou melhor, de um tropo literário bastante comum sobre o imediatismo, a urgência de se experimentar o real, expresso em cada verso ao final das tríades do poema, além de seu derradeiro verso – o qual surge como reflexão sobre o tema da natureza, traduzido por uma salamandra vermelha que a poetisa tem na mão aberta, sentindo-lhe o frio e o movimento lerdo como em sonho, antes de deixá-la partir.

J.A.R. – H.C.

Denise Levertov
(1923-1997)

Living

The fire in leaf and grass
so green it seems
each summer the last summer.

The wind blowing, the leaves
shivering in the sun,
each day the last day.

A red salamander
so cold and so
easy to catch, dreamily

moves his delicate feet
and long tail. I hold
my hand open for him to go.

Each minute the last minute.

Salamandra das Cavernas
(John N. Agnew: artista norte-americano)

Vivendo

O fogo em folha e grama
tão verde parece;
cada verão o último verão.

O vento que sopra, as folhas
a vibrar sob o sol;
cada dia o último dia.

Uma salamandra
tão fria e tão
fácil de pegar, languidamente

move as delicadas patas
e sua longa cauda. Mantenho
minha mão aberta para deixá-la ir.

Cada minuto o último minuto.

Referência:

LEVERTOV, Denise. Living. In: BENSON, Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT, Cicely (Eds.). Best poems on the underground. 1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, 2009. p. 164.

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