Um pouco de explicação de como este
poema veio a calhar no blog: sobre uma das mesas à frente dos restaurantes
do Supermercado Extra, ao final da Asa Norte, aqui em Brasília, encontrei o
livro de poesias que menciono no campo de referência, de autoria do catarinense
Everton Freitag.
Como ele foi ali parar, para mim, é um
mistério. Talvez alguém o tenha esquecido ou mesmo disponibilizado a terceiros.
Fato é que agradei-me do poema abaixo: fotografei-o com o smartphone, tanto
quanto o rosto do autor, que abaixo reproduzo. Como não costumo me apropriar de
coisas que não me pertencem, a obra devolvi à incógnita e prévia condição em
que se encontrava.
Com relação ao poema propriamente dito,
faço-o entrar no meu já numeroso acervo de criações que possuem por tema o
próprio ato de se redigir poesias: observe-se o inopinado discorrer, num
formato de soneto mais do que desamarrado, sobre o que seria essencial – ou nem
tanto – para se conceber um poema de valor.
J.A.R. – H.C.
Everton Freitag
(n. 1982)
Ao Escrever o Poema
é preciso derrubar a
muralha de sombra
convertê-la em blues
no poente
tecer um tapete de
arbustos
ou um abismo
distraído que caia em si mesmo
é preciso ser ávido
aos relâmpagos
pintados a lápis azul
ser tufão em tarefas
no céu
ser final no começo
do brilho
é preciso sair do
vitral
igual santo e anjo em
ressurreição
ser ressonância de
estrela
é preciso mas não tão
necessário
tudo isto ou muito
disto
ao escrever o poema
O Túmulo Vazio
Vitral de Janela da
Igreja Episcopal de St. George
(Newburgh, NY)
Referência:
FREITAG, Everton. Ao escrever o poema.
In: __________. escrachos, amor e souvenirs. Jaraguá do Sul, SC:
Design Editora, 2006. p. 27.
❁
Jura que este livro estava alí? O autor
ResponderExcluirComo não?! Alguém deve tê-lo trazido consigo, de uma de suas viagens ao sul do país. Melhor assim: dele acabei por ter conhecimento!
ResponderExcluirUm grande abraço.
João A. Rodrigues