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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 25 de abril de 2017

Everton Freitag - Ao Escrever o Poema

Um pouco de explicação de como este poema veio a calhar no blog: sobre uma das mesas à frente dos restaurantes do Supermercado Extra, ao final da Asa Norte, aqui em Brasília, encontrei o livro de poesias que menciono no campo de referência, de autoria do catarinense Everton Freitag.

Como ele foi ali parar, para mim, é um mistério. Talvez alguém o tenha esquecido ou mesmo disponibilizado a terceiros. Fato é que agradei-me do poema abaixo: fotografei-o com o smartphone, tanto quanto o rosto do autor, que abaixo reproduzo. Como não costumo me apropriar de coisas que não me pertencem, a obra devolvi à incógnita e prévia condição em que se encontrava.

Com relação ao poema propriamente dito, faço-o entrar no meu já numeroso acervo de criações que possuem por tema o próprio ato de se redigir poesias: observe-se o inopinado discorrer, num formato de soneto mais do que desamarrado, sobre o que seria essencial – ou nem tanto – para se conceber um poema de valor.

J.A.R. – H.C.

Everton Freitag
(n. 1982)

Ao Escrever o Poema

é preciso derrubar a muralha de sombra
convertê-la em blues no poente
tecer um tapete de arbustos
ou um abismo distraído que caia em si mesmo

é preciso ser ávido
aos relâmpagos pintados a lápis azul
ser tufão em tarefas no céu
ser final no começo do brilho

é preciso sair do vitral
igual santo e anjo em ressurreição
ser ressonância de estrela

é preciso mas não tão necessário
tudo isto ou muito disto
ao escrever o poema

O Túmulo Vazio 
Vitral de Janela da Igreja Episcopal de St. George
(Newburgh, NY)

Referência:

FREITAG, Everton. Ao escrever o poema. In: __________. escrachos, amor e souvenirs. Jaraguá do Sul, SC: Design Editora, 2006. p. 27.

2 comentários:

  1. Jura que este livro estava alí? O autor

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  2. Como não?! Alguém deve tê-lo trazido consigo, de uma de suas viagens ao sul do país. Melhor assim: dele acabei por ter conhecimento!
    Um grande abraço.
    João A. Rodrigues

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