Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

W. B. Yeats - A um amigo cuja obra deu em nada

Reconhecendo que o trabalho a que se propôs um de seus amigos não vingou ante o público, Yeats sugere-lhe que reconheça o malogro e se retire para instâncias onde possa se expressar de modo comedido, sem deixar de ser exultante.

Obviamente que o poeta irlandês não está sugerindo rendição uma vez transcorrido apenas o primeiro embate, senão que cada um tem o dever de reconhecer quando a luta por um determinado objetivo ultrapassou o limite do razoável. Afastar-se da concorrência, buscando maior autoconhecimento e um roteiro alternativo para a vida, pode ser a solução para atingir a luz no fim do túnel.

Reconhece-se o quão difícil é se conformar com os sofrimentos advindos da rejeição, além das dúvidas que passam a revolutear sobre a qualidade do trabalho desenvolvido e as capacidades de cada um.

Há casos em que, nada obstante, movido pela ira, por um desejo de provar o contrário ou por outras razões, o ser humano vai aos seus limites e acaba por atingir a excelência: resgato da memória a experiência levada ao cinema pelo filme “Whiplash: Em Busca da Perfeição”, de 2014, dirigido pelo cineasta Damien Chazelle, no qual um jovem baterista de jazz recorre às suas últimas forças, para se transformar no melhor de sua geração.

J.A.R. – H.C.

W. B. Yeats
(1865-1939)

To a Friend whose Work has
come to Nothing

Now all the truth is out,
Be secret and take defeat
From any brazen throat,
For how can you compete,
Being honour bred, with one
Who, were it proved he lies,
Were neither shamed in his own
Nor in his neighbours’ eyes?
Bred to a harder thing
Than Triumph, turn away
And like a laughing string
Whereon mad fingers play
Amid a place of stone,
Be secret and exult,
Because of all things known
That is most difficult.

In: “Responsibilities” (1914)

Jovem Acadêmico em seu Estudo
(Pieter Codde: pintor holandês)

A um amigo cuja obra
deu em nada

Agora que se sabe toda a verdade,
Seja reservado e aceite a derrota
Enunciada por qualquer insolente garganta,
Pois como pode você competir,
Sendo instruído na honra, com alguém
Que, a despeito da prova de sua mentira,
Não sentiria vergonha nem aos seus olhos
Tampouco aos olhos dos vizinhos?
Habilitado para tarefas mais árduas
Que o Triunfo, afaste-se,
E qual corda prazenteira
Tangida por desatinados dedos
Em meio a um lugar de pedra,
Seja comedido e exulte,
Porque de todas as coisas conhecidas
Essa é a mais difícil.

Referência:

YEATS, W. B. To a friend whose work has come to nothing. In: __________. The collected poems by W. B. Yeats. Revised 2nd edition. Edited by Richard J. Finneran. New York, NY: Collier Books − MacMillan Publishing Company, 1989. p. 109.

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