O poeta apela à inteligência para conhecer o exato nome daquilo que vê,
palavra e coisa enquanto sinônimos concebidos, criados, nascidos um para o
outro. A identidade plasmada pela mente catalisadora, força capaz de unificar o
sujeito e o objeto de seu conhecimento...
Há um manifesto desejo, no autor, de se tornar um vetor, um elo entre as
coisas e aqueles que as desconhecem, as esquecem ou por elas prezam, sem
ignorar a que entes de fato pertencem.
Como se vê, o poema discorre sobre o vetusto problema filosófico da
relação entre a realidade e a linguagem que tenta apreendê-la: contingente, refém
do espaço e do tempo, longe da pretensão de alcançar a mais absoluta verdade.
E o que deseja o poeta? Talvez uma linguagem tanto mais autêntica e universal
quanto possível, poética por excelência, que lhe permita adentrar os labirintos
da realidade – e, espera-se, de lá sair, com ou sem o recurso a um fio de
Ariadne (rs) – e dá-la a conhecer aos demais.
J.A.R. – H.C.
Juan Ramón Jiménez
(1881-1958)
¡lntelijencia, dame...
¡lntelijencia, dame
el nombre exacto de
Ias cosas!
...Que mi palabra sea
Ia cosa misma,
creada por mi alma
nuevamente.
Que por mi vayan
todos
los que no Ias
conocen, a Ias cosas;
que por mi vayan todos
los que ya Ias
olvidan, a Ias cosas;
que por mi vayan
todos
los mismos que Ias
aman, a Ias cosas...
jlntelijencia, dame
ei nombre exacto, y
tuyo,
y suyo, y mio, de Ias
cosas!
(“Eternidades”, 1918)
Desjejum com torta de amora à mesa
(Willem Claesz: pintor
holandês)
Inteligência, dá-me...
Inteligência, dá-me
o nome exato das
coisas!
...Que minha palavra
seja
a coisa mesma,
criada por minha alma
novamente.
Que por mim cheguem
todos
os que não as
conhecem, às coisas;
que por mim cheguem
todos,
os que já as
esquecem, às coisas;
que por mim cheguem
todos
os mesmos que as
amam, às coisas...
Inteligência, dá-me
o nome exato, e teu,
e seu, e meu, das
coisas.
(“Eternidades”, 1918)
Referência:
JIMÉNEZ, Juan Ramón. ¡lntelijencia,
dame... In: RODRÍGUEZ, Miguel Díez; TABOADA, María Paz Díez (Eds.). Antología de la poesía española del siglo XX. 4. ed. Madrid, ES: Istmo, 2003. p. 119.
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