Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Juan Ramón Jiménez - Inteligência, dá-me...

O poeta apela à inteligência para conhecer o exato nome daquilo que vê, palavra e coisa enquanto sinônimos concebidos, criados, nascidos um para o outro. A identidade plasmada pela mente catalisadora, força capaz de unificar o sujeito e o objeto de seu conhecimento...

Há um manifesto desejo, no autor, de se tornar um vetor, um elo entre as coisas e aqueles que as desconhecem, as esquecem ou por elas prezam, sem ignorar a que entes de fato pertencem.

Como se vê, o poema discorre sobre o vetusto problema filosófico da relação entre a realidade e a linguagem que tenta apreendê-la: contingente, refém do espaço e do tempo, longe da pretensão de alcançar a mais absoluta verdade.

E o que deseja o poeta? Talvez uma linguagem tanto mais autêntica e universal quanto possível, poética por excelência, que lhe permita adentrar os labirintos da realidade – e, espera-se, de lá sair, com ou sem o recurso a um fio de Ariadne (rs) – e dá-la a conhecer aos demais.

J.A.R. – H.C.

Juan Ramón Jiménez
(1881-1958)

¡lntelijencia, dame...

¡lntelijencia, dame
el nombre exacto de Ias cosas!
...Que mi palabra sea
Ia cosa misma,
creada por mi alma nuevamente.
Que por mi vayan todos
los que no Ias conocen, a Ias cosas;
que por mi vayan todos
los que ya Ias olvidan, a Ias cosas;
que por mi vayan todos
los mismos que Ias aman, a Ias cosas...
jlntelijencia, dame
ei nombre exacto, y tuyo,
y suyo, y mio, de Ias cosas!

(“Eternidades”, 1918)

Desjejum com torta de amora à mesa
(Willem Claesz: pintor holandês)

Inteligência, dá-me...

Inteligência, dá-me
o nome exato das coisas!
...Que minha palavra seja
a coisa mesma,
criada por minha alma novamente.

Que por mim cheguem todos
os que não as conhecem, às coisas;
que por mim cheguem todos,
os que já as esquecem, às coisas;
que por mim cheguem todos
os mesmos que as amam, às coisas...
Inteligência, dá-me
o nome exato, e teu,
e seu, e meu, das coisas.

(“Eternidades”, 1918)

Referência:

JIMÉNEZ, Juan Ramón. ¡lntelijencia, dame... In: RODRÍGUEZ, Miguel Díez; TABOADA, María Paz Díez (Eds.). Antología de la poesía española del siglo XX. 4. ed. Madrid, ES: Istmo, 2003. p. 119.

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