Um poema em que o poeta galês dirige-se ao pai, aparentemente em estado
moribundo, dando-lhe conselhos de como haveria de enfrentar a morte, de forma a
não sucumbir pacificamente ao derradeiro transpasse.
As palavras de Thomas soam profundas, em especial no que tange à
transitoriedade da experiência humana. Tudo há de chegar ao fim – poema,
canção, décadas, vida. A despeito disso, em formas associativas dicotômicas –
dia/luz e noite/morte –, o poeta esparge a poção instigadora à brasa, para que
perdure até o último suspiro...
J.A.R. – H.C.
Dylan Thomas
(1914-1953)
Do not go gentle into that good night
Do not go gentle into that good night,
Old age should bum and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.
Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.
Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.
Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.
Grave men, near death, who see with blinding Sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.
And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless, me now with your fierce tears, I
pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.
A noite escura da alma
(Patricia Phare Camp:
pintora norte-americana)
Não entres nessa noite acolhedora com
doçura
Não entres nessa
noite acolhedora com doçura,
Pois a velhice
deveria arder e delirar ao fim do dia;
Odeia, odeia a luz
cujo esplendor já não fulgura.
Embora os sábios, ao
morrer, saibam que a treva lhes perdura,
Porque suas palavras
não garfaram a centelha esguia,
Eles não entram nessa
noite acolhedora com doçura.
Os bons que, após o
último aceno, choram pela alvura
Com que seus frágeis
atos bailariam numa verde baía
Odeiam, odeiam a luz
cujo esplendor já não fulgura.
Os loucos que
abraçaram e louvaram o sol na etérea altura
E aprendem, tarde
demais, como o afligiram em sua travessia
Não entram nessa
noite acolhedora com doçura.
Os graves, em seu
fim, ao ver com um olhar que os transfigura
Quanto a retina cega,
qual fugaz meteoro, se alegraria,
Odeiam, odeiam a luz
cujo esplendor já não fulgura.
E a ti, meu pai, te
imploro agora, lá na cúpula obscura,
Que me abençoes e
maldigas com a tua lágrima bravia.
Não entres nessa
noite acolhedora com doçura,
Odeia, odeia a luz
cujo esplendor já não fulgura.
Em: “No sono campestre” (1952)
Referências:
Em Inglês
THOMAS, Dylan. Do not go gentle into that good night. In: __________. Collected poems: 1934-1952. 1st ed.; 12th
rep. London, EN: J. M. Dent & Sons Ltd., may 1959. p. 116.
Em Português
THOMAS, Dylan. Não entres nessa noite
acolhedora com doçura. Tradução de Ivan Junqueira. In: __________. Poemas reunidos: 1934-1953. Editados
pelos professores Walford Davies e Ralph Maud. Tradução e introdução de Ivan
Junqueira. Rio de Janeiro, RJ: José Olympio, 1991. p. 134-135.
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Muito bom seu blog!
ResponderExcluirMuito legal que você tenha gostado do blog. Espero poder mantê-lo por muito tempo para agradar as pessoas, como você, que apreciam a literatura.
ExcluirAbs.
João A. Rodrigues
Muito bonito esse poema! Obrigado por postar
ResponderExcluirPrezado: não há de quê! Disponha.
ExcluirJoão A. Rodrigues
Gostei do blog .Muito bom .Parabéns !
ResponderExcluirÓtimo poema do grande e saudoso poeta Dylan Thomas .
Muito bom que você gostou do blog. E do poema do Dylan Thomas também. Um abraço. João A. Rodrigues
ExcluirPesquisei pelo Dylan Thomas por ter seu (dele) nome adotado pelo Bob Zimmerman, vulgo Bob Dylan. Amei este poema. Obrigada por postar!
ResponderExcluirNão há de quê, Valéria. Grato sou eu por navegar pelas páginas deste blog.
ExcluirUm abraço,
João A. Rodrigues
Gostei. Interessante a tradução. Obrigada por compartilhar. Vou ler o blog. https://fb.watch/jj3JdT9xPn/
ResponderExcluirTânia: não há de quê. Muito grato por navegar pelas páginas do blog. Um abraço. João A. Rodrigues
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