Mendes reporta-se de modo direto, neste breve poema, à celebração da Igreja
Católica que diz respeito ao episódio dos Reis Magos, enquanto oportunidade
primeira da manifestação de Cristo a todos os povos da terra.
Mas enquanto mensagem voltada a todos, de forma a ratificar a
terminologia de origem grega empregada pela Igreja – “katholicos” –, afirma ele que os
preceitos cristãos ainda não deram, de fato, completa volta ao mundo.
J.A.R. – H.C.
Murilo Mendes
(1901-1975)
Epifania
Eu te procurei tal
qual os três reis magos
Que caminhavam
através de mares e desertos,
Até que um dia uma
estrela enviada por ti mesmo
Me trouxe até a tua
inefável presença.
Não posso te ofertar
o ouro, o incenso e a mirra:
Ofereço-te a minha
alma que tu mesmo criaste
Ofereço-te a minha
aridez e o meu pecado.
Ilumina agora e
sempre todos os que te procuram
E todos aqueles que
acreditam no teu fim.
Angústia e escuridão
dominam o homem
Porque tu ainda não
deste a volta ao mundo.
Em: “Tempo e Eternidade” (1934)
Epifania
(Autor Desconhecido)
Referência:
MENDES, Murilo. Epifania. In:
__________. Poesia completa e prosa.
Volume único. Organização, preparação do texto e notas de Luciana Stegagno
Picchio. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ: Nova Aguilar, 1994. p. 248. (Biblioteca
Luso-brasileira; Série Brasileira)
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