Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Murilo Mendes - Epifania

Mendes reporta-se de modo direto, neste breve poema, à celebração da Igreja Católica que diz respeito ao episódio dos Reis Magos, enquanto oportunidade primeira da manifestação de Cristo a todos os povos da terra.

Mas enquanto mensagem voltada a todos, de forma a ratificar a terminologia de origem grega empregada pela Igreja – “katholicos” –, afirma ele que os preceitos cristãos ainda não deram, de fato, completa volta ao mundo.

J.A.R. – H.C.

Murilo Mendes
(1901-1975)

Epifania

Eu te procurei tal qual os três reis magos
Que caminhavam através de mares e desertos,
Até que um dia uma estrela enviada por ti mesmo
Me trouxe até a tua inefável presença.
Não posso te ofertar o ouro, o incenso e a mirra:
Ofereço-te a minha alma que tu mesmo criaste
Ofereço-te a minha aridez e o meu pecado.
Ilumina agora e sempre todos os que te procuram
E todos aqueles que acreditam no teu fim.
Angústia e escuridão dominam o homem
Porque tu ainda não deste a volta ao mundo.

Em: “Tempo e Eternidade” (1934)

Epifania
(Autor Desconhecido)

Referência:

MENDES, Murilo. Epifania. In: __________. Poesia completa e prosa. Volume único. Organização, preparação do texto e notas de Luciana Stegagno Picchio. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ: Nova Aguilar, 1994. p. 248. (Biblioteca Luso-brasileira; Série Brasileira)


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